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domingo, 30 de março de 2014

Artigos Aprovados para Apresentação

Felipe Bragagnolo – UFSM Atitude fenomenológica: mudança do olhar do fato para a essência.

Um dos conceitos chaves da fenomenologia husserliana é denominado de intuição. Esse conceito torna-se ainda mais central em nosso artigo em função do nosso objetivo consistir em demostrar como nosso olhar que está imerso inicialmente na atitude natural, considerada por Husserl, em certa medida irrefletida, por seu caráter de crença no mundo e nas coisas, pode vir a mudar para um olhar fenomenológica, ou seja, de suspensão, de neutralização dos juízos imediatos. Sendo assim, o conceito de intuição nesse trabalho
será utilizado como fio condutor de nossa investigação, pois o mesmo pode ser
compreendido como afinidade radical entre o ver de fato o de essência. As obras base de
Husserl para a realização desse trabalho foram: Ideias para uma fenomenologia pura e
para uma filosofia fenomenológica (1913), primeira secção; e, Meditações Cartesianas
(1950), fragmentos escolhidos conforme a temática aqui abordada.
Palavras-chaves: Intuição; Fenomenologia; Husserl; Atitude fenomenológica.

Cristina Gabriela Feiber - Mestrado em Filosofia (UFSM) “A alegoria da caverna e o conhecimento em Platão”
O tema do conhecimento em Platão deu origem à várias interpretações, aqui trataremos desse assunto na República. No Livro VII desta obra, Sócrates apresenta a alegoria da caverna. Descreve a situação em que homens vivem em uma moradia subterrânea desde a infância. A metáfora é bem conhecida para que precisemos detalhar, assim passamos a parte que nos interessa. O que acontece ao liberto da caverna? O que aconteceria se um desses homens, tivesse que se levantar, virar o pescoço e olhar na direção da luz. Isso tudo lhe causaria dor, além de que o deslumbramento lhe impediria de ver os objetos dos quais até então conhecia apenas as sombras. Se lhe dissesse que
somente agora estava vendo algo mais próximo da verdade ele acreditaria? Se lhe questionassem sobre os nomes dos objetos que somente agora via, ele não se atrapalharia? E fora da caverna forçado a habituar-se a luz, primeiro perceberia mais facilmente as sombras dos objetos, depois as imagens refletidas na água, e por último os próprios objetos, no entanto sempre enxergando com mais facilidade sob a luz da lua que de dia ao sol com todo o seu fulgor. Só posteriormente se adaptaria ao sol, e de raciocínio em raciocínio chegaria à conclusão de que o sol dirige tudo no espaço visível e também seria a causa do que ele e seus companheiros estavam acostumados a
distinguir. Exposto a alegoria é necessário aplica-la sobre o que veio ilustrar: o debate sobre mundo sensível e o inteligível. A moradia subterrânea é comparada com aquilo que os olhos veem, a luz do fogo com a energia do sol e a subida ao mundo superior seria como a subida da alma para a região inteligível. No limite extremo da região do cognoscível estaria a ideia do bem, de difícil percepção, mas que quando apreendida mostra que é a causa de tudo que é belo e direito, fonte imediata da verdade e da inteligência, que deverá ser comtemplada por quem quer agir com sabedoria. A
ascensão do sensível ao inteligível, da opinião ao conhecimento requer uma educação da razão, Sócrates avalia em balanço, educação não é o que muitos indevidamente afirmam quando se dizem capazes de enfiar na alma o conhecimento que nela não existe como se pudessem dotar de vistas olhos cegos: essa capacidade é inata à alma como o órgão do conhecimento. E da mesma maneira como o olho não pode se virar para a luz sem que todo o corpo o acompanhe, o conhecimento juntamente com toda a alma terá de virar-se das coisas perceptíveis até que se torne capaz de suportar a vista do ser e da parte mais brilhante do ser, e isso seria o bem. A educação seria, pois, a arte de promover a mudança de direção da alma. O objetivo desse trabalho é analisar essas questões sobre o conhecimento no Platão da República e buscar entre os comentadores contemporâneos a interpretação mais coerente para sua epistemologia.
Palavras-Chave: Conhecimento – Platão – Alegoria da caverna – República

Lilian Paula Vivan (UFFS) - A RELEVÂNCIA DA EDUCAÇÃO INTEGRAL PARA A FORMAÇÃO DO HOMEM INTEGRAL

Resumo: A elaboração do presente trabalho pretende identificar na obra “Educação não é privilégio” do educador Anísio Teixeira, os benefícios proporcionados pela educação em tempo integral na formação plena do indivíduo. Para Anísio, somente a instrução proporcionaria as mudanças profundas e necessárias à sociedade futura, uma vez que, apenas por meio de uma educação justa e igualitária, defendida vivamente por ele, os indivíduos teriam suas potencialidades desenvolvidas integralmente. Desta forma, buscou-se apresentar de maneira geral a situação educacional do país e a proposta de solução aos problemas apontados pelo autor. Sua análise está
fundamentada na educação em período integral, para suprir as patologias de ensino e formação cidadã dos indivíduos, principalmente dos mais desfavorecidos socialmente.

Miriam Oliveira Leite (Universidade Federal Fluminense)
Muito se têm discutido sobre o surgimento da Filosofia. O intrigante é pensar em que momento a
humanidade começou a ter anseios de conhecimento sobre sua prórpria natureza. A presente
comunicação pretende apresentar considerações a respeito da passagem do mito à razão, na Grécia
antiga. O objetivo desta pesquisa é analisar a importância da descoberta da razão crítica e verficar
que esta transição não se dá por uma ruptura de pensamento, mas por uma adequação e conservação
da herança mítica que estará presente neste novo momento, sob um outro viés. Esta análise está
calcada principalmente sob a perspectiva de Nietzsche e Deleuze, em especial na obra "A Filosofia
na Idade Trágica dos Gregos", de Nietzsche, partindo do pressuposto Nietzscheano, que considera
os gregos, os verdadeiros criadores e mestres da filosofia.
Palavras-chave: Mito. Razão. Gregos. Nietzsche.

Ortega y Gasset e Tugendhat – Filosofia como atividade, mas que atividade?
Um slogan corrente ao se falar de filosofia é o seguinte: a filosofia é uma atividade! Mas
diferentes filósofos que estão de acordo com esse slogan terão diferentes respostas sobre em que
consiste tal atividade. Nesta comunicação faremos uma análise de duas respostas à pergunta sobre o
que é filosofia que a caracterizam como uma atividade. Iniciamos analisando as questões do tipo “O
que é ...?” Quando fazemos perguntas do tipo “O que é …?” uma das coisas que podemos estar
buscando é uma definição daquilo que é perguntado, e como definição podemos entender um certo
tipo de explicação. Por exemplo: Uma resposta apropriada para a pergunta “O que é um quadrado?”
poderia ser “uma figura geométrica de quatro lados de mesmo comprimento e quatro ângulos
retos”. Essa é uma descrição de características que todos os quadrados necessariamente possuem,
sendo que tudo o que um objeto precisa para ser um quadrado é possuir essas propriedades. Nesse
caso, fornecemos as condições necessárias e suficientes para algo ser um quadrado. No caso do
quadrado, ser “uma figura geométrica de quatro lados de mesmo comprimento” é uma condição
necessária e suficiente, ter “quatro ângulos retos” é uma condição necessária (não é suficiente,
retângulos também possuem quatro ângulos retos) e a conjunção das duas propriedades é uma
condição necessária e suficiente. Ao menos em um sentido, perguntar “O que é …?” é perguntar
sobre sua definição, ou seja, pelas suas condições necessárias e suficientes. Na análise dos textos O
que é a filosofia? (de 1929, escolhidos excertos das lições IV e XI) de José Ortega y Gasset e “O
que é filosofia?” (1982) de Ernst Tugendhat, tentaremos (I) estabelecer na medida do possível quais
seriam as condições necessárias e suficientes para que algo seja filosofia em ambos os autores e (II)
comparar suas definições de filosofia. Procuramos mostrar que ao compararmos essas duas
definições de filosofia alcançamos um maior grau de compreensão da pergunta “O que é a
filosofia?” Todavia, uma definição em termos de condições necessárias e suficientes pouco nos
ajuda na estipulação de uma resposta propriamente dita.
Palavras Chave: Filosofia como atividade; Definição; Condições Necessárias e Suficientes.

Maicon Willian Halabura (UFFS- Chapecó) – “Uma defesa a existência das coisas enquanto
coisas, indiferente da percepção humana sobre elas.”
A comunicação se trata de uma argumentação no campo temático da Filosofia da Percepção,
pretende expor uma breve defesa da existência de “objetos” do mundo indiferente da
percepção humana sobre eles. O tema “A existência do mundo exterior, e se podemos
conhecê-lo tal como é” foi abordado desde os primórdios da filosofia e por seguir sendo um
dos mais pontuais e importantes temas discutidos por filósofos também de nossa
contemporaneidade (com grupo de discussão permanente na ANPOF inclusive), cabe
certamente que sobre ele ainda depositemos nossa atenção e pesquisa.


Jessica Roberta SOZO (UFFS) O MITO DAS CINCO RAÇAS DE HESÍODO E SUA RELAÇÃO COM O CONCEITO DE JUSTIÇA NA OBRA O TRABALHO E OS DIAS

RESUMO
Este trabalho objetiva realizar uma breve análise da obra de Hesíodo O Trabalho e os Dias e apresentar a concepção de justiça abordada na obra e a sua relação com o mito das cinco raças, utilizados pelo poeta. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica tendo como foco os mitos apresentados pelo poeta para sustentar sua argumentação a cerca da justiça. Esse estudo se apresenta em uma única seção que problematizará a pertinência do mito supramencionado para a argumentação do autor. Após o estudo da obra referida, as conclusões apontam para a afirmação de que a abordagem do mito das cinco raças bem como, outros mitos presentes na obra, é fundamental para uma melhor aproximação e entendimento da obra para o público o qual o poeta se direciona. O Trabalho e os Dias consiste numa obra narrada em primeira pessoa que tem como objeto central a realidade vivida pelo trabalho no campo e almeja o ensinamento da justiça para as pessoas em âmbito geral.
Palavras-Chave: Hesíodo.Justiça.Direito.

Wilder S. Souza (UFSM) David Hume e a Origem das Ideias
Resumo
A história da filosofia moderna é marcada por duas tradições de abordagem do conhecimento: a tradição empirista e a tradição racionalista. Nesse trabalho, pretendo examinar as principais razões que motivaram o filósofo escocês David Hume a sustentar que todas nossas ideias ou conceitos que utilizamos para pensar e ordenar a experiência derivam de impressões sensíveis ou de dados dos sentidos. Essa tese é exposta no Tratado da Natureza Humana e na seção II da Investigação Sobre o Entendimento Humano, intitulada Da Origem das Ideias. Pretendo mostrar que a tese empirista de Hume da origem sensível das ideias é uma decorrência de visões científicas que estavam em desenvolvimento na época, particularmente sobre o funcionamento do cérebro. Hume foi, nesse sentido, um precursor da ciência cognitiva contemporânea e sua contribuição principal foi ter oferecido argumentos que permitiam conceber o conhecimento como um produto natural da mente humana, elaborado a partir de um processo de abstração que se inicia quando temos percepção das coisas através dos nossos sentidos.


Adelar Conceição (Doutorado em Filosofia – UFRGS) EXISTENCIALISMO E “CONSCIÊNCIA INFELIZ”.
O presente texto pretende analisar a relação entre a figura hegeliana da “consciência infeliz” e seu reflexo nas filosofias da existência. A consciência infeliz é uma das formas assumidas pela consciência no seu desenvolvimento enquanto “ciência da experiência da consciência” na Fenomenologia do Espírito. Ela aparece logo após a “dialética do senhor e do escravo”, e representa a interiorização, na perspectiva de uma consciência de si, desse embate entre duas consciências. Nesse processo a consciência de si se reconhece para si como Si mesma, consciência finita, na qual sua finitude representa uma espécie de ‘condição existencial’. Aqui a ‘infelicidade’ da consciência reside no reconhecimento da sua incompletude, lhe falta o infinito, apenas alcançado em uma “consciência religiosa”. A perspectiva do absoluto contida no projeto hegeliano requer assim a “suprassunção” dessa condição existencial da consciência. A filosofia da existência é nesse sentido uma contestação do projeto absoluto de Hegel. Kierkegaard, apontado como seu primeiro representante, reivindica uma relação com a infinitude que preserve a individualidade da consciência. Acentua assim a impossibilidade da consciência individual ultrapassar sua finitude, ou seja, mesmo a experiência da infinitude da consciência religiosa é vivido de modo pessoal. O movimento existencialista, e mais especificamente a “analítica existencial” de Heidegger e o existencialismo de Sartre, caracterizam-se em grande medida por assumir essa perspectiva que toma como ponto de partida a condição existencial da consciência primeiramente como um “ser no mundo”. Pretende-se destacar assim que a filosofia da existência assume a condição existencial da consciência enquanto finitude, e nesse sentido em que medida poderíamos dizer que o existencialismo é uma consciência infeliz.
Palavras-chave: existencialismo; “consciência infeliz”; finitude


A alegoria da caverna e o conhecimento em Platão
Resumo:
O tema do conhecimento em Platão deu origem à várias interpretações, aqui trataremos desse assunto na República. No Livro VII desta obra, Sócrates apresenta a alegoria da caverna. Descreve a situação em que homens vivem em uma moradia subterrânea desde a infância. A metáfora é bem conhecida para que precisemos detalhar, assim passamos a parte que nos interessa. O que acontece ao liberto da caverna? O que aconteceria se um desses homens, tivesse que se levantar, virar o pescoço e olhar na direção da luz. Isso tudo lhe causaria dor, além de que o deslumbramento lhe impediria de ver os objetos dos quais até então conhecia apenas as sombras. Se lhe dissesse que somente agora estava vendo algo mais próximo da verdade ele acreditaria? Se lhe questionassem sobre os nomes dos objetos que somente agora via, ele não se atrapalharia? E fora da caverna forçado a habituar-se a luz, primeiro perceberia mais facilmente as sombras dos objetos, depois as imagens refletidas na água, e por último os próprios objetos, no entanto sempre enxergando com mais facilidade sob a luz da lua que de dia ao sol com todo o seu fulgor. Só posteriormente se adaptaria ao sol, e de raciocínio em raciocínio chegaria à conclusão de que o sol dirige tudo no espaço visível e também seria a causa do que ele e seus companheiros estavam acostumados a distinguir. Exposto a alegoria é necessário aplica-la sobre o que veio ilustrar: o debate sobre mundo sensível e o inteligível. A moradia subterrânea é comparada com aquilo que os olhos veem, a luz do fogo com a energia do sol e a subida ao mundo superior seria como a subida da alma para a região inteligível. No limite extremo da região do cognoscível estaria a ideia do bem, de difícil percepção, mas que quando apreendida mostra que é a causa de tudo que é belo e direito, fonte imediata da verdade e da inteligência, que deverá ser comtemplada por quem quer agir com sabedoria. A ascensão do sensível ao inteligível, da opinião ao conhecimento requer uma educação da razão, Sócrates avalia em balanço, educação não é o que muitos indevidamente afirmam quando se dizem capazes de enfiar na alma o conhecimento que nela não existe como se pudessem dotar de vistas olhos cegos: essa capacidade é inata à alma como o órgão do conhecimento. E da mesma maneira como o olho não pode se virar para a luz sem que todo o corpo o acompanhe, o conhecimento juntamente com toda a alma terá de virar-se das coisas perceptíveis até que se torne capaz de suportar a vista do ser e da parte mais brilhante do ser, e isso seria o bem. A educação seria, pois, a arte de promover a mudança de direção da alma. O objetivo desse trabalho é analisar essas questões sobre o conhecimento no Platão da República e buscar entre os comentadores contemporâneos a interpretação mais coerente para sua epistemologia.
Palavras chaves:
Conhecimento – Platão – Alegoria da caverna – República

Ítalo Clay T. de Lima (Mestrando UCS) O CONCEITO DE PAZ EM KANT

O pensamento filosófico nos concebe a possibilidade de compreender diversos conceitos talvez nunca estudados em nenhuma outra área do entendimento humano. Neste sentido, temos a necessidade de cada vez mais nos debruçar e tentar entender até que ponto podemos nos desvencilhar da animalidade tão natural e também tão reprimida pelo aspecto social em que
formalizamos com o objetivo de vivermos em comunhão. A paz entre os homens é uma das problemáticas mais desejadas e menos praticas pela humanidade, pois em sua essência exige um esforço que se afasta cada vez mais da feição humana. Fazemos guerras por motivos banais cujo princípio motor dos atos bélicos não são universais, mas particulares que infringe as leis e a soberania do outrem. O Estado foi criado com o objetivo único de proteger o direito, a lei, o cidadão. A sociedade possui como fundamento singular não apenas o direito, mas a liberdade, caracterizando assim, a sociedade civil. Mas o que é a sociedade civil? Em que consiste os conceitos como: liberdade, autonomia, igualdade, cidadania? A que se deve a fundamentação da
república? Seriam os conceitos apresentados pré-requisitos para a fundamentação da paz? Por que ela teria que ser perpétua? Desse modo, o pensamento kantiano é revelador na explicação conceitual da paz. Mediante estas palavras, se faz necessário anunciar que o objetivo central deste trabalho
é de maneira geral, descrever o conceito de paz na perspectiva kantiana, e não fazer um estudo aprofundado sobre o tema abordado. Tentar manifestar uma cultura da paz é saber quanto à violência faz parte de nossa natureza. Porém, motivar uma forma de cultura para a paz se faz necessário fundar as bases de uma educação. O que somente pela educação e pela escola tomará em sua consciência a necessidade de promulgar a paz em si e, por conseguinte, entre os povos. Destarte, Kant não foi o único a vessar sobre a paz. Outros filósofos como Rousseau, Hobbes, Locke tiveram seu empenho quanto esta questão. No entanto, se faz necessário frisar que Kant não é ingênuo no que se refere à possibilidade de entrever a paz, pois tal objeção só é possibilitada por meio da razão humana, sendo assim, uma ação exclusiva à humanidade. Portanto, este trabalho não tem o caráter de esgotar as o tema, mas sim de conceber um estudo não aprofundado sobre o mesmo.

DOUGLAS A. SCHAITEL (UFFS) Compreensão, "ser-ser-aí" e ontologia: aspectos de uma filosofia fenomenológica-hermêneutica
Este trabalho tem por objetivo expor a caracterização da hermenêutica heideggeriana presente em Ser e tempo, mostrando como a própria fenomenologia-hermenêutica se caracteriza não apenas como método, mas também enquanto um modo de ser (enquanto um existencial) do próprio Dasein. Dessa maneira, primeiramente, far-se-á um breve panorama ou uma retomada histórica sobre um possível significado da palavra hermenêutica, isto é, uma revisão mais geral da caracterização do sentido de uma "interpretação", conforme Richard Palmer. Em um segundo momento, mostrar-se-á como a concepção de fenomenologia-hermenêutica caracteriza-se enquanto um caráter de via de acesso acerca da abordagem do sentido do ser, demonstrado como a compreensão (verstehen) se apresenta como alteridade, isto é, mostraremos como a discussão contemporânea sobre hermenêutica se caracterizou enquanto investigação filosófica, constituinte de nossa revisão bibliográfica.
Palavras-chave: Compreensão. Fenomenologia. Hermenêutica. Dasein. Ser e tempo.

Lúrian Possebon – UFSM A epistemologia moral alternativa de Margaret Walker
Uma ética feminista difere de outras na medida em que procura apontar elementos e questionar a autoridade das teorias morais que são utilizadas para justificar opressões e exclusões; ao mesmo tempo, constrói suas teorias a fim de incluir aqueles que não são bem representados pelas tradicionais. Autoras feministas do campo da ética teceram duras críticas às teorias morais clássicas da filosofia, na medida em que estas não são bem-sucedidas em atender às demandas por igualdade de gênero. Isso se deve principalmente às características valoridas por essa tradição: universalidade, cientificidade, alto grau de abstração e a ideia de moral como conhecimento. Esse tipo de visão assume que a ética trata da escolha pela melhor teoria moral, de acordo com o nível de satisfação das características citadas. Segundo Margaret Walker, utilitaristas, kantianos e contratualistas como
Rawls estão envoltos em um modelo problemático, chamado por ela de teóricojurídico. Esse modelo assume que falar sobre moralidade é falar sobre conhecimento, e esse conhecimento deve ser teórico e capaz de julgar maneiras de agir como corretas ou incorretas. Ele busca também a uniformidade através da impessoalidade no julgamento das situações, por meio do descarte de qualquer detalhe que possa ser considerado irrelevante, para que assim o caso em questão “caiba” em um princípio postulado pela teoria (WALKER, 1992, p. 31). Em vista disso, Walker procura oferecer um modelo alternativo, uma nova epistemologia moral que possa abarcar verdadeiramente todas as formas da moralidade não contempladas pelas teorias clássicas: o modelo expressivocolaborativo. Sua argumentação é por uma naturalização da moralidade, considerando os entendimentos morais produzidos em cada comunidade, sem com isso usar de relativismo: é preciso criar meios para avaliar se os costumes e práticas fomentados por certos grupos em uma determinada sociedade estão legitimados, ou se estão servindo como pretexto para opressões e marginalizações de outros grupos dentro dela. Assim, enquanto o modelo teórico-jurídico é incapaz de garantir essas condições, o modelo expressivo-colaborativo tem em seu cerne a busca pela
legitimidade e o questionamento de autoridades morais.

ANTÔNIO FAGHERAZZI JÚNIOR (UFFS) A importância de Thomas Hobbes e John Locke para o surgimento da concepção de direitos individuais
Esta comunicação objetiva demonstrar a importância das obras políticas de dois dos principais filósofos contratualistas dos séculos XVII, Thomas Hobbes e John Locke, para a formação da concepção dos direitos individuais contemporâneos. Desde a antiguidade, a função legislativa é tida como um dos tripés dos poderes do Estado, sendo notória sua importância, já que seus protagonistas são responsáveis pela criação do conjunto de regras que possibilitam o convívio social. Trata-se de uma seara que está em constante produção e mutação, porquanto a sociedade, no decorrer do tempo, vai alterando suas exigências, tendo novas necessidades, reivindicando novos direitos e fomentando
novos deveres. As leis tendem a acompanhar essa evolução, atualizando-se constantemente, alicerçadas nas teorias político-filosóficas de seu tempo. Entretanto, como é possível verificar na legislação brasileira e de muitos outros países, existe um conjunto mínimo de regras que costumam ser praticamente imutáveis, constituindo um “núcleo duro” da legislação e que devem necessariamente estar previstos no momento de positivação das leis estatais. Esse núcleo mínimo normalmente está inserido na lei maior de cada nação – a constituição –, ou em leis esparsas, ou então nos costumes do país (em se tratando do sistema consuetudinário, como o inglês). Tal conjunto mínimo de preceitos costuma ser intitulado de “direitos humanos”, os quais, quando positivados, recebem o nome de “direitos fundamentais”. A primeira gama desses direitos, denominada de “direitos individuais”, nasceu como fruto das revoluções iluministas burguesas e
enfatizavam a defesa dos direitos singulares do homem, tais como vida, liberdade e propriedade. Surgiram num momento de mudança do paradigma filosófico, quando o ser humano tornou-se o centro teórico das discussões filosóficas, repercutindo, inclusive, nas discussões metafísicas, momento designado por Kant como “revolução copernicana”. As teorias políticas não ficaram aquém dessa mudança. Focados no indivíduo, os denominados filósofos contratualistas repensaram a concepção de Estado e discorreram sobre os direitos naturais inerentes a todo o ser humano, os quais deveriam ser minimamente garantidos. São três os grandes pensadores elencados pela tradição filosófica como responsáveis por este novo modelo - Hobbes, Locke e Rousseau -, os quais, adotando uma perspectiva contratualista, concebem uma sociedade em que o indivíduo está no centro e o Estado deve ser o garantidor de seus direitos. É por isso que se torna importante conhecer a obra de tais filósofos, em especial os clássicos Leviatã (1651), de Hobbes, II Tratado Sobre o Governo Civil (1690), de Locke e Do Contrato Social (1762), de Rousseau. No presente trabalho pretende-se abordar os dois primeiros expondo suas concepções de Estado e de direitos individuais e conectando-os à atual concepção de inalienabilidade e irrenunciabilidade dos direitos inerentes ao ser humano.

Susiane Kreibich (UFFS) Ensaio sobre o princípio de individuação em Duns Scotus
Ser algo é ser um indivíduo. É o indivíduo que se configura diante de nós como algo único. É a partir dele que o percebemos como algo singular descrito por uma universalidade que é comum aos demais da mesma espécie. Ao vermos algo singular o percebemos como um indivíduo. Então surge a questão: o que diferencia um indivíduo dos demais da mesma espécie? O que determina que “este” indivíduo seja “este” e não outro? Mesmo reconhecendo-o dentro de uma espécie, possuidor de algo em comum com os demais indivíduos, há “neste” singular algo que o diferencia dos outros. Há algo que é próprio dele e o faz distinguir-se dos demais. “Isto” que faz com que um indivíduo seja “este” indivíduo e não outro, o filósofo medieval João Duns Scotus (1265-66/1308) denominou de haecceitas. Porém, mesmo sendo um indivíduo, há algo “neste” singular em comum com os demais da mesma espécie. Cada indivíduo possui uma natureza que é compartilhada com outros da mesma espécie. Esse “algo comum” é o substrato metafísico para a individualidade, e, no universo conceitual scotista, denomina-se “natureza comum” (natura communis). Nesse sentido, a presente comunicação tem por objetivo apresentar um ensaio introdutório dos conceitos denominados haecceitas e “natureza comum”, bem como a relação estabelecida entre eles, uma vez que esses se constituem no núcleo da teoria da individuação scotista.
Palavras-chave: Haecceitas. Natureza comum. Individuação. Duns Scotus. Filosofia Medieval.

Mariane Gehlen Perin (UFSM) As implicaturas conversacionais no contexto da necessidade de uma teoria pragmática da linguagem.
Resumo: Na busca de explicações de como as palavras e sentenças significam, os semanticistas elaboraram diversas teorias que, de modo geral, obtiveram bastante sucesso. Contudo, no curso do desenvolvimento dessas teorias semânticas apresentaram-se vários problemas para os quais essas teorias não conseguiram apresentar respostas satisfatórias. Ora, esses problemas que os semanticistas enfrentam estão relacionados com dificuldades em explicar determinados fenômenos linguísticos, tais como, tautologias evidentes, metáforas, ironias, implicaturas conversacionais, entre outros. Assim, é neste contexto, de boas teorias semânticas que, contudo, não conseguem dar conta de todos os fenômenos da linguagem que surge a necessidade de uma teoria pragmática da linguagem para esclarecer os problemas que ultrapassam o nível semântico da linguagem. Nesse sentido, o trabalho de Herbert Paul Grice, resolve, no nível da pragmática, muitos problemas que somente as teorias semânticas não conseguiam dar conta. Deste modo, pretendo mostrar em meu trabalho a concepção de Grice sobre a conversação e como disso deriva seu conhecido Princípio de Cooperação, o qual é uma boa chave para compreendermos os fenômenos pragmáticos da linguagem, tais como, as já anteriormente mencionadas metáforas, ironias, tautologias evidentes e as implicaturas conversacionais.
Palavras-chave: H. P. Grice, pragmática, implicaturas conversacionais.


Willian Martini (UFSM) – “As divergências teóricas do multiculturalismo”
Resumo: ao longo de sua história, a humanidade tem testemunhado conflitos gerados pela dificuldade de convivência entre povos com diferenças raciais, étnicas e culturais. Atualmente, os problemas engendrados por esses conflitos afetam a maioria dos países e sua repercussão atinge proporções globais. Os debates sobre como resolver tais divergências são cada vez mais frequentes, sendo que há grande variedade teórica no interior das discussões. O cenário do debate sobre o multiculturalismo é composto por uma gama razoavelmente ampla de posições conflitantes. São muitos os “multiculturalismos” que aparecem com as mais variadas adjetivações: multiculturalismo essencialista, universalista, agregativo etc. Estes diferentes tipos de multiculturalismo estão associados a diferentes concepções acerca daquilo que é relevante para os problemas relativos à diversidade cultural, o que acaba forçando-os a uma tomada de posição. Neste trabalho, ofereço uma pequena explanação acerca dos tipos de multiculturalismo que aparecem no trabalho de Peter McLaren, dando atenção especial à sua formulação do multiculturalismo crítico. Minha pretensão é analisar o nexo de ligação entre o tipo de multiculturalismo defendido por uma posição e os problemas ou questões aos quais está vinculado, localizando assim as bases político-ideológicas sobre as quais o discurso de cada posição repousa.
Palavras-chave: cultura, etnocentrismo, diferença, multiculturalismo.


Anderson Kaue Plebani (UFSM) Heidegger e a tragédia grega: uma percepção aporética da essência do homem
Resumo: A tragédia de Sófocles aparece em Introdução à Metafísica, cursos de Martin Heidegger, com o único intuito de servir-lhe como auxílio em sua exposição acerca da essência do homem (uma investigação em estreita conexão com a investigação fundamental da filosofia, a saber, a investigação do Ser). Nesta exposição, Heidegger indicará que as tragédias gregas foram a expressão máxima do espírito grego no tocante ao contato que estes tiveram com o Ser, ou physis.
(...) investigaremos agora um poetar pensante dos gregos, e precisamente aquele, em que se instaura propriamente o ser e a existência (correspondente) dos gregos: a tragédia.” (HEIDEGGER, p. 168)
Quando Heidegger se refere ao “ser e a existência correspondente dos gregos”, esta sua observação está fundada nos propósitos de sua investigação. Isto porque Heidegger, mais adiante nesta mesma obra, afirma de Homero como sendo este o fundador da linguagem poética dos gregos, aquele que não apenas está mais próximo da origem do povo grego mas que efetivamente é a origem deste povo. Homero, segundo Heidegger, é a poesia originária da história do ocidente, em suas palavras: “os gregos criaram e experimentaram tal poesia através de Homero” (HEIDEGGER, p.193). Pelo modo como Heidegger articula Homero e Sófocles nesta obra, fica sugerido que o acontecimento originário do povo grego não o colocou no mais privilegiado contato com o Ser, mas um momento posterior foi capaz de fazê-lo, a saber, nas encenações das tragédias. Basta compreender agora como a tragédia supostamente revelou o Ser para seus contemporâneos. O verso inaugural do segundo coro cantado na tragédia Antígona, “Muitas são as coisas estranhas, / nada, porém, há de mais estranho do que o homem”, manifesta o homem como o ente mais estranho.
Heidegger identifica neste verso um duplo sentido de “estranho” (Das Unheimlich). Primeiro, o homem é tão estranho quanto qualquer outra coisa, pois muitas são as coisas estranhas. Deste primeiro sentido de estranheza, todas as coisas participam. Depois, o homem é novamente estranho por ser o mais estranho entre todas as coisas. Este segundo sentido de estranho se efetiva na medida em que o homem se instaura entremeio às coisas estranhas e se percebe alheio, tanto às coisas quanto à sua própria instauração. Esta é a percepção aporética do homem e esta percepção, segundo Heidegger, não perdeu de vista o posicionamento que o homem assume entremeio ao Ser. É por manter esta intimidade com o Ser que a tragédia é eleita como expressão do espírito grego. E vale inversamente: é por manter esta intimidade com o Ser que o espírito grego é localizado na tragédia, e não nas epopéias ou nas comédias.
Assim sendo, a presente proposta de comunicação tomará como órbita a leitura heideggeriana do posicionamento aporético do homem na percepção grega do Ser.


Lucas Mateus Dalsotto (Doutorando UFSM) - O CONTRUTIVISMO NA FILOSOFIA MORAL RAWLSIANA
Resumo: Rawls concebe a teoria da justiça como equidade, do ponto de vista da epistemologia moral, como uma forma de construtivismo. No artigo Kantian Constructivism in Moral Theory, ele afirma que a ideia fundamental consiste em estabelecer uma relação apropriada entre uma concepção particular de pessoa e os princípios primeiros de justiça contrafactualmente acordados por meio de um procedimento de construção. Isso significa que o que justifica a adoção de determinada concepção de justiça pelos cidadãos não é fato de ela ser verdadeira em relação a uma ordem anterior a nós, mas que, dadas a nossa história e a tradição que estão na base de nossa cultura pública, ela é a concepção mais razoável para normativamente organizar uma sociedade democrática. Nesse caso, a objetividade moral para o construtivismo deve ser compreendida como um ponto de vista corretamente construído e aceitável para todos, diferentemente do que faz o realismo moral, onde, por meio de “intuições racionais”, as verdades em relação à moral seriam apreendidas. Na terceira seção texto acima citado, Rawls contrasta a ideia de construtivismo com o que ele chama de intuicionismo racional. Segundo o autor, essa doutrina (o intuicionismo) foi formulada de diversas maneiras. Por isso, para efeito de elucidar o que Rawls entende por intuicionismo, ele o resume em duas teses: (i) os conceitos morais básicos (o bem, o justo e o dignidade moral das pessoas) não podem ser analisados em termos de conceitos não morais (ii) e os princípios da moral (existindo um ou vários), quando corretamente formulados, são proposições autoevidentes que indicam se alguma coisa é intrinsicamente boa, se certa ação é o que deveríamos fazer ou então se determinado traço de caráter tem dignidade moral. Por isso, o construtivismo dirá que a nossa concepção da justiça, dados os critérios que podemos pensar em aplicar, é no momento atual a mais razoável para nós. Chegamos à ideia de que a objetividade não é dada “pelo ponto de vista do universo”, para usar a expressão de Sidgwick. Objetividade deve ser entendida com referência a um ponto de vista corretamente construído, do qual o contexto fornecido pelo procedimento da posição original é um exemplo.

Karine Rossi Pereira (UFSM) - A DICOTOMIA ENTRE PENSAMENTO TIPOLOGICO E PENSAMENTO POPULACIONAL NA BIOLOGIA
Resumo: Ernest Mayr, em “Typological versus population thinking” procurou expor a dicotomia entre o pensamento tipológico (essencialismo), anterior à Darwin e o pensamento populacional, posterior à Darwin. Segundo Mayr, o pensamento tipológico, tinha suas raízes no essencialismo platônico; Platão defendeu que dentre as variedades de formas existentes no mundo, existiam formas que eram estáveis e imutáveis, e essas últimas, isto é, as formas estáveis e imutáveis, eram reais, enquanto as
variedades das formas eram ilusões. Sendo assim, os tipologistas acreditavam que dentre a
diversidade de seres vivos, uma espécie era formada a partir de um grupo de indivíduos que
possuíssem uma ou mais características básicas, ou seja, características que seriam iguais em todos
nesse grupo de indivíduos, essas características foram chamadas de “tipos”, “formas” e “essências”.
Tais características seriam estáveis e imutáveis, pois não há gradação entre os tipos, e sendo assim,
esses não evoluiriam. Para os tipologistas, segundo Mayr, a variedade entre os indivíduos seria uma
ilusão, pois essa não existiria, enquanto os tipos seriam entidades que representariam a natureza no
mundo, sendo assim reais.
O pensamento populacional, conforme aponta Mayr, foi introduzido na biologia a partir da
publicação de A origem das espécies, a qual mudou a forma de ver a origem e a evolução das
espécies. Essa forma de pensar, se opõe ao pensamento tipológico, pois defende que há uma
variedade entre todos os indivíduos na natureza, isto é, cada indivíduo seria diferente de outro, e as
espécies seriam formadas a partir de médias aritméticas das semelhanças desses indivíduos, não
havendo, dessa forma, um “tipo”. Para os populacionistas, as características de um indivíduo não
são estáveis, nem imutáveis, havendo gradação e evolução das espécies dessa maneira. Segundo
Mayr, o pensamento populacional se mostra uma forma mais correta de representar a diversidade na
natureza, em detrimento do pensamento tipológico, pois considera o indivíduo como algo singular,
ou seja, defende que nenhum indivíduo é igual ao outro, e procura explicar a variação e suas
frequências de ocorrência em uma população, diferentemente do pensamento tipológico que
considerava, e dessa forma, após a publicação de Darwin, o pensamento tipológico foi rejeitado.
Dada essa dicotomia, Maximiliano Martinez Bohórquez e Eugênio Andrade ao publicarem
A contingência dos padrões de organização biológica: superando a dicotomia entre pensamento
tipológico e populacional”, defendem uma alternativa que uniria os dois tipos de pensamentos, a
partir, segundo eles, de uma releitura de “A origem das espécies”. Nessa releitura, Martinez e
Andrade, procuram mostrar que Darwin, ao inserir o pensamento populacional na biologia, não
rejeitou o pensamento tipológico, mas uniu os dois em uma perspectiva histórica.


Luana Pagno - UMA ANÁLISE DO PAPEL DAS INSTITUIÇÕES E DO SEGUNDO PRINCÍPIO NA TEORIA DA JUSTIÇA DE RAWLS.
Resumo: O trabalho irá apresentar um breve resumo acerca da teoria da justiça do Rawls, principalmente nas partes que abrangem a questão da economia, apresentando o papel da justiça perante uma sociedade bem ordenada, o papel da justiça enquanto virtude das instituições e demonstrando a ideia de como é possível chegar a essa sociedade bem ordenada através da posição original. Para então, finalmente, demonstrar o papel que as instituições sociais assumem na garantia da justiça como equidade, e como isso é possível, apresentando também os problemas encontrados no segundo princípio, que enfraquecem a tese do filósofo. Assim sendo, o trabalho é uma análise dos caminhos que Rawls utiliza para chegar na sociedade que designa bem ordenada, e por que, as instituições e os outros mecanismos sociais não dão conta de garantia da justiça como sendo equidade.
Palavras chaves: Justiça. Sociedade. Princípios. Instituições.

Julio Tomé (UFSC) Hobbes e o Positivismo Jurídico no Leviatã
Resumo: Este trabalho tem como objetivo trazer uma leitura da obra Leviatã, do filósofo inglês Thomas Hobbes, por meio do Positivismo Jurídico. Sendo o Positivismo Jurídico uma corrente da Filosofia do Direito em contraposição ao Direito Natural (Jusnaturalismo), analisa-se neste trabalho trechos que poderiam evidenciar uma leitura Juspositivista na obra de Thomas Hobbes. Para tanto, inicialmente será apresentada a concepção de Estado Natural e Civil que Hobbes descreve no Leviatã, além dos principais conceitos de sua obra. Posteriormente serão explicados trechos que poderiam caracterizar Hobbes como um Positivista Jurídico (ou ao menos que o Leviatã possa ser lido como uma obra deste caráter). Palavras-chave: Positivismo Jurídico. Filosofia do Direito. Leviatã.


Tiago Fernando Soares de Oliveira (UFFS) - ARISTÓTELES E O SUJEITO DA FILOSOFIA PRIMEIRA
ESUMO: A comunicação visa a identificar o sujeito da ciência fundamentada por Aristóteles na obra Metafísica. Ademais, pretende demonstrar que tal ciência é uma ousiologia, não uma ontologia. Para tanto, estruturou-se o texto a partir de três momentos distintos. Inicialmente, por meio da referência à obra Analíticos Posteriores, buscou-se evidenciar os dois traços fundamentais da ciência, isto é, a causalidade e a necessidade. Destes dois, enfatizou-se a natureza da necessidade, característica que deve ser inerente ao sujeito da ciência. Num segundo momento, mostrou-se que a substância deve ser o sujeito da metafísica, pois, a despeito do ente enquanto ente, guarda a propriedade lógica da univocidade. Por fim, demonstrou-se que, em última instância, a metafísica possui como sujeito a substância simples, uma vez que esta não possui matéria e, portanto, é efetivamente necessária e omnitemporal.
PALAVRAS-CHAVE: Metafísica. Substância. Ente. Necessidade. Ciência.

Felipe Bragagnolo – UFSM Atitude fenomenológica: mudança do olhar do fato para a essência.
Resumo: Um dos conceitos chaves da fenomenologia husserliana é denominado de intuição. Esse
conceito torna-se ainda mais central em nosso artigo em função do nosso objetivo consistir em demostrar como nosso olhar que está imerso inicialmente na atitude natural, considerada por Husserl, em certa medida irrefletida, por seu caráter de crença no mundo e nas coisas, pode vir a mudar para um olhar fenomenológica, ou seja, de suspensão, de neutralização dos juízos imediatos. Sendo assim, o conceito de intuição nesse trabalho será utilizado como fio condutor de nossa investigação, pois o mesmo pode ser compreendido como afinidade radical entre o ver de fato o de essência. As obras base de Husserl para a realização desse trabalho foram: Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica (1913), primeira secção; e, Meditações Cartesianas (1950), fragmentos escolhidos conforme a temática aqui abordada.
Palavras-chaves: Intuição; Fenomenologia; Husserl; Atitude fenomenológica.

Bruna Almeida Brambatti (UFSM) – “O problema da virtude no livro IV da República de Platão”.
A tese da unidade das virtudes é frequentemente tratada com se estivesse
presente apenas nos diálogos da juventude de Platão, os chamados “diálogos
socráticos”. O intuito do deste trabalho é mostrar uma maneira de ler, sobretudo, o livro IV da República, como um argumento a favor da tese da unidade e identidade das virtudes. Embora seja comum defender a tese da unidade das virtudes cardeais platônicas a partir da defesa da inseparabilidade das mesmas, sustentamos que, partindo de uma das máximas socráticas: que pessoa alguma erra voluntariamente, a sabedoria pode vir a ser o lugar comum das virtudes, assim como sua essência (ousía), já que só se age erroneamente por ignorância. Dessa forma, a unidade das virtudes, enquanto idênticas, pode ser realizada por meio de sua essência comum, a saber, um tipo de conhecimento (epistēmē) que se faz necessário a cada uma das virtudes, mas que convergem em unidade a partir da afirmação que conhecimento é igual à sabedoria (sophia). Assim, baseado em uma análise dos diálogos socráticos, em que já são apontados elementos para a defesa da tese da unidade, buscamos destacar as convergências entre os escritos da juventude e a República a respeito da questão da identidade das virtudes.
Palavras chave: Unidade de leitura; Tese de Identidade; Tese de Inseparabilidade.

Marcelo Lopes (UFSM) - “Como tornar-se uma pessoa - a concepção de autenticidade como critério demarcatório em Ser e Tempo”
Nesta comunicação, buscaremos desenvolver por um lado a noção de possibilidade existencial presente na obra de Martin Heidegger e por outro, a relação entre antropologia e fenomenologia hermenêutica. Nesse sentido, o presente trabalho busca o desenvolvimento de alguns aspectos da noção de possibilidade existencial presente em Ser e Tempo como um traço decisivo daquilo que confere ao ente humano sua identidade pessoal. Um outro modo de inserir o tema seria dizer que o que buscamos reconstruir aqui é uma resposta à pergunta “o que é ser uma pessoa?” No sentido de encontrarmos uma resposta, será apresentada a via interpretativa de Charles Guignon, em que a noção de pessoa é buscada com base na análise do conceito de “autenticidade”, como condição para delimitar e responder a questão acima. Outros termos, um tanto heterodoxos com relação ao vocabulário heideggeriano como a noção de “agência” serão também utilizados na caracterização do ente humano. Fica já antevisto, de certa forma, que o horizonte em que move-se a interpretação de Guignon será delimitado em termos existenciais, não podendo a noção de pessoa ser compreendida aqui como uma coisa ou objeto, a partir do modo de ser da subsistência. Tentaremos justificar durante a exposição a diferenciação assumida entre o modo de ser da existência com relação aos outros modos de ser.
Em Ser e Tempo, obra fundamental de Martin Heidegger, a noção de existência designa uma determinação fundamental do modo de ser que é característico dos entes humanos. Contrapondo-se à tradição filosófica ocidental, que segundo a interpretação de Heidegger, concebeu o ente humano a partir de categorias de subsistência, afirma-se que os entes que são Dasein não podem ser determinados como possuidores de propriedades, mas antes, apenas como modos de ser. Dasein, diz respeito ao modo de ser fundamental daquele ente que somos nós mesmos e que não pode ser entendido nas tradicionais categorias de subsistência, como um mero portador de atributos. Que o Dasein existe, significa que ele projeta-se em possibilidades existenciais, entendidas como maneiras de ser, que por sua vez, estão previamente determinados pelo contexto de possibilidades em que o Dasein já sempre se encontra. De posse dessas considerações gerais, buscaremos, a partir da análise de alguns textos de Charles Guignon, elucidar a agência humana e seu desdobramento relacionado com o conceito de autenticidade. Somente a partir dessas considerações será possível a delimitação do conceito de pessoa, dentro de uma abordagem fenomenológico hermenêutica, isto é, não naturalista e objetificante do ente humano.
Palavras-chave: Pessoa; Agência; Autenticidade; Heidegger.

Diego Luiz Warmling - "Don Juan em sua realidade própria: A sedução mascarada da Gestalt difundida ao corpo lascivo em Maurice Merleau-ponty".
 De Molière à Saramago, a lenda de Don Juan se esgueirou por varias gerações sem ser apreendida como um todo. Compreendido como um gênio erótico, crava sua genialidade em nosso intimo e firma-se como a figura da vibração incessante que não deixa intacto nada do que toca. É a encarnação própria da sexualidade pela qual as mulheres são esfinges sem segredos. Junto ao objetivo de relacionar a sensualidade vulcânica de Don Juan com todo o arrebatamento de uma vida ativa e sexual, numa espécie de  discernimento entre o que é figura (Eu) e o que é fundo (Outro), quando pensamos que a consciência humana está voltada para toda uma vivência significativa e aprendemos que a mesma é construída a partir de uma complexidade de relações sociais, percebemos que esta consciência vincula-se estreitamente ao ser onde a existência e a sexualidade se difundem no plano existencial de cada pessoa. Segundo Merleau-Ponty: “o sexual não é o genital, a vida sexual não é um simples efeito dos processos aos quais os órgão genitais são o lugar, a libido não é um instinto, que dizer, uma afetividade naturalmente orientada a 
fins determinados, ela é o poder geral que o sujeito psicofísico tem de aderir a diferentes ambientes, de fixar-se por diferentes experiências, de adquirir estruturas de conduta. É a sexualidade que faz com que o homem tenha uma historia.”Neste sentido, se a sexualidade se difunde na existência do ser humano, e se a própria existência se difunde no horizonte da sexualidade, no caso de Don Juan (indicando, assim, uma independência em relação aos fatores puramente fisiológicos) esta não seria somente uma decisão racionalizada, mas antes um gesto repleto de significação existencial onde, na direção de um outro corpo, o modo de ser no mundo se revela para sua própria existência.
Não sabendo mais o rumo que tomar senão o da nossa própria ilusão, não conseguimos mais discernir entre o real e o fictício; em Don Juan o romantismo é sua própria realidade. Por isto, através da sexualidade, é na fusão entre o “todo indefinido” representado pela Gestalt Theory com a teoria do “corpo como ser sexuado” presente na Phénoménologie de la Perception de Maurice Merleau-Ponty, que, neste ensaio, numa especie de gozo pela satisfação dos próprios desejos, Don Juan vem nos mostrar como seria viver, intensa e verdadeiramente, os prazeres, desejos e devaneios do amor em seu aspecto mais irresistível.


Everton Andrei Pereira (UFSC)- "Modelos como réplicas abstratas"
No oitavo capítulo do livro do orientador intitulado Pragmática de modelos (Cap. 8 – Entidades Abstratas) é defendido e explicado que modelos científicos são entidades abstratas, isto é, que eles podem ser comparados com outras entidades abstratas, assim como figuras geométricas e até mesmo instituições (a UFSC, por exemplo, enquanto uma instituição universitária), o que nos leva à definição de instituições e o porquê de usá-las. O fato é que ninguém negaria a existência de instituições, mesmo não sabendo corretamente como designá-las. Observamos comparativamente que, assim como os enunciados nomológicos, as pessoas que fazem a instituição, as fazem ou criam por seguir determinadas formas de comportamentos e certos conjuntos de regras, que, no caso dos enunciados nomológicos, são vistos como descrições desse sistema. Uma vez apresentado o sistema, podemos dizer que, de fato, as instituições são como os modelos científicos, entidades abstratas, o que justifica então a pesquisa mais voltada para as ciências humanas do que para as ciências naturais, aplicando a noção de modelo-réplica. Por outro lado Dennett nos apresenta o que ele chama de “a torre de gerar e testar” que representa os tipos ou modelos de mentes existentes, separando-as em quatro andares, das menos complexas as mais complexas, terminando no que ele denomina mente Gregoriana que é onde encontramos ligação com as entidades abstratas apresentadas a cima, com vários pontos de ligação entre uma teoria e outra, analisamos e comparamos suas principais características.
As criaturas gregorianas, além de ter cérebros que possuem potência para serem mais bem dotados, em meios internos, de capacidade pré-seletiva, têm algo a mais: uma espécie de ferramenta para a criação de projetos abstratos. Estas ferramentas seriam, por exemplo, as palavras e outras ferramentas abstratas (para Dennett, internas), que conferem a uma criatura Gregoriana um meio interno que lhe permite construir geradores e testadores de movimento cada vez mais sutis.

Andrei Pedro Vanin (UFFS) - “O conceito de “ente” e o “segundo começo da metafísica” em Duns Scotus”.
A comunicação objetiva analisar o modo pelo qual João Duns Scotus define o sujeito da ciência metafísica, a saber: o conceito “ente” (ens). “Ente” para Scotus é um termo unívoco, caso negado por Aristóteles. Deste modo, num primeiro momento, aponta-se o porquê de “ente” ser considerado por Duns Scotus o sujeito da ciência metafísica, bem como o motivo pelo qual “ente” é dito um transcendente. Já no segundo momento, reconstrói-se o caminho argumentativo de Scotus para provar a univocidade do conceito “ente” (ratio entis). Para isso, se faz necessário analisar as quatro classes das noções transcendentes, a saber: o ente, os atributos conversíveis, os atributos disjuntos e as perfeições puras. Feita tal análise, mostra-se, então, o motivo pelo qual João Duns Scotus realizou um “segundo começo da metafísica”.
Palavras-chave: Ente. Duns Scotus. Univocidade. Metafísica. Ontologia.

Janessa Pagnussat (UFFS) – “O existencialismo na obra O Estrangeiro de Albert Camus”.
O trabalho a ser apresentado tem como objetivo descrever o existencialismo presente na obra O estrangeiro de Albert Camus. Abordar o homem pela falta de justificação e de sentido para o mundo, levando-o a uma sensação de desorientação e confusão que se reduz ao absurdo. O existencialismo remonta ao niilismo e a certa despreocupação com a vida, onde há a necessidade da escolha, e o homem se torna o único responsável em dar significado à sua vida e em vivê-la de maneira sincera. Na obra de Camus, o existencialismo reafirma a importância da liberdade e individualidade humana após a Segunda Guerra Mundial, representada por Merseault, um homem irônico, que age friamente em suas próprias ações e sentimentos. Camus ao afirmar que a vida individual não tem sentido, relaciona-se ao fato de que a vida não possui nenhuma finalidade pré-estabelecida. Cada um de nós é livre para outorgar o sentido que quiser à vida, não se preocupando com as consequências que são de vir. Nota-se ao longo da obra a indignação do personagem principal pela imposição de verdades religiosas. Comumente no período contemporâneo o homem viu que certeza que duraram séculos foram derrubadas, o que acarretava simplesmente em uma atitude cética perante a realidade e a imposição ideológica. A morte de Meursault é caracterizada por um único desejo: que seu enterro possua uma grande quantidade de gente que o odeie por ele ter sido indiferente e ter uma outra perspectiva da realidade. Esta grande obra mostra uma visão de mundo caracterizada simplesmente pela indiferença de viver, ou seja, pelo absurdo que é existir. Meursault demonstra a descrença nos valores de vida e da sociedade, é um niilista passivo. Esse é um dos motivos que fez com que O Estrangeiro se tornasse um clássico, já que reflete uma sociedade que começa a ver o mundo de uma forma diferente do que até então era vista.
Palavras-chave: Existencialismo. Camus. Liberdade. Niilismo. Indiferença.

Fernando M. Falkoski (UFFS) - "A questão do sentido do ser na fundamentação ontológico-hermenêutica em Heidegger".
A presente comunicação pretende discutir os conceitos de “ser” e de “verdade” a partir de uma análise da fenomenologia hermenêutica heideggeriana acerca da questão do sentido do ser. Nesse viés, almeja-se explicitar o conceito de “hermenêutica” em Heidegger, que caracteriza a mudança no pensamento filosófico sobre as interpretações do que ascende o verdadeiro conhecimento, o desocultamento, em relação ao ser-no-mundo, Dasein. Desse modo, deve-se verificar como a interpretação (hermenêutica) do enunciado permite a compreensão da abertura do Dasein. Contudo, buscar-se-á descrever que 1) a questão acerca do sentido do ser é o estudo próprio da fenomenologia que busca fundar a ontologia fundamental; e, por fim, 2) o Dasein é o ente, e a via de acesso de como a coisa em si mesma se mostra e deixa mostrar-se [por si mesma] como a coisa é. Indubitavelmente, as tarefas pertinentes à investigação da ontologia-hermenêutica tonam-se cruciais para o estudo da fenomenologia, na medida em que Heidegger descreve o conceito de verdade segundo o modo de ser do ente, que eu mesmo sou, o Dasein e sua transcendência.
Palavras-chave: Verdade; Hermenêutica; Ser; Transcendência; Dasein.


Samanta Krignl Pereira (UFFS) - “O princípio supremo da moralidade e os conceitos de dever e boa vontade”.
A presente comunicação tem como objetivo descrever o conceito de dever e sua relação com o conceito de boa vontade na obra Fundamentação da Metafísica dos
Costumes de Kant. Nessa obra, Kant objetiva expor sistematicamente os elementos
fundamentais que estruturam sua teoria moral, buscando a fixação do princípio
supremo da moralidade que fundamente os costumes e o agir moral. A fundamentação da Metafísica dos Costumes é composta de três seções. Nas duas
primeiras, pelo uso do método analítico, Kant descobre o princípio supremo da
moralidade visando estabelecer, aqui, a partir do conhecimento moral do comum
senso humano, o único princípio prático que possa justificar a moralidade. Na última,
pelo método sintético, pretende verificar como tal princípio é possível. Para um melhor entendimento, serão apresentadas, brevemente, as três seções, porém com ênfase na primeira e segunda, que relatam sobre a boa vontade e o dever.
Palavras-chave: Kant. Moral. Fundamentação da moral. Boa vontade. Dever.


Odair Camati (Mestrando UNISINOS) - “O reconhecimento como elemento básico para a formação da identidade individual e grupal. Uma análise do pensamento de Charles Taylor.”
O reconhecimento é um dos temas mais debatidos na contemporaneidade, seja em nível político, seja em nível filosófico. Isso se deve, no entendimento de Taylor, à estreita relação existente entre reconhecimento e identidade. Como a identidade é formada no diálogo com os outros o devido reconhecimento se torna fundamental no intuito de evitar distorções que poderiam ser fatais na formação da identidade, tanto na esfera privada, quanto na esfera pública. Para ilustrar esse quadro podemos nos recordar do caso das mulheres e dos negros que durante séculos foram identificados como inferiores e como que introjetaram essa visão redutora de si mesmos. Suas identidades estavam presas a esse não-reconhecimento de tal modo que tiveram e ainda têm dificuldades de se libertarem dessa inferiorização. Nessa perspectiva, a autodepreciação é um poderoso instrumento de opressão, pois faz o oprimido enxergar-se como inferior, deixando-o sem forças para se rebelar contra o opressor. O não-reconhecimento pode marcar suas vítimas, colocando-as sob o jugo externo, mas também sob o jugo de si próprias, pois ele cria um sentimento de ódio que as impede de lutarem pelo seu verdadeiro lugar. O reconhecimento ganhou maior importância com a nova compreensão moderna de identidade individual. Identidade que o próprio indivíduo descobre e expressa através de uma maneira original de ser. Essa ideia é fruto da noção de autenticidade surgida com o romantismo. Portanto, nossa identidade é formada pelo reconhecimento ou pelo não-reconhecimento. O reconhecimento acontece em duas dimensões, uma privada e outra pública. Para sermos pessoas precisamos do reconhecimento de nossos pares. Do mesmo modo um grupo de pessoas ou uma sociedade precisa do reconhecimento de seus pares. Tendo em vista que vivemos em uma sociedade multicultural que possui dificuldades em aceitar o outro, nos deteremos mais no debate acerca da segunda forma que assume o reconhecimento, a saber, a dimensão pública.

Junior Vitorio Romanzini (UFFS) - “A procura da existência e subjetividade: pressupostos do livro 'A Náusea' de Jean Paul Sartre”
Evidentemente a leitura do livro A Náusea de Jean Paul Sartre é uma leitura prodigiosa. O livro contém a essência de um diário e a conturbação da mente em relação a realidade possíveis de serem descritas em papel. Imergir na leitura da obra de Sartre permite visualizar a luta interior pela essência de nossa existência e os processos subjetivos. Meramente ler A Náusea não significa conhecer Sartre, mas adentrar na visão das relações de estranheza que possa existir na captura do tempo por nossa mente. Inicialmente, nascemos no mundo para depois sermos definidos nele, no entanto, Sartre provoca nossa compreensão sobre a essência capturada neste processo. Para a Filosofia, integralmente discutir a constituição da subjetividade é uma necessidade para a problematização da razão e do processo filosófico. Assim, ler está obra permite entender a essência do comportamento subjetivo, remorando os meandros morais e éticos que forjam nossas relações sociais. O texto que se segue, estrutura-se em três momentos: o primeiro resumo as ideias centrais de Sartre em sua obra caracterizando como objeto o nascimento da autoconsciência, a descoberta da convivência e do medo. No segundo momento reflexão sobre a náusea e sua relação com a realidade subjetiva, comparando-a as teorias da subjetividade pela psicologia social e, no terceiro momento reflexão sobre as raízes do pensamento vivido e idealizado com ênfase na liberdade e o reconhecimento do existir.
Palavras-chave: Existência, Náusea, Subjetividade.

Luana Pagno (UFFS) - "Uma análise do papel das instituições e do segundo princípio da Teoria da Justiça de Rawls." 
Resumo: O trabalho irá apresentar um breve resumo acerca da teoria da justiça do Rawls, principalmente nas partes que abrangem a questão da economia, apresentando o papel da justiça perante uma sociedade bem ordenada, o papel da justiça enquanto virtude das instituições e demonstrando a ideia de como é possível chegar a essa sociedade bem ordenada através da posição original. Para então, finalmente, demonstrar o papel que as instituições sociais assumem na garantia da justiça como equidade, e como isso é possível, apresentando também os problemas encontrados no segundo princípio, que enfraquecem a tese do filósofo. Assim sendo, o trabalho é uma análise dos caminhos que Rawls utiliza para chegar na sociedade que designa bem ordenada, e por que, as instituições e os outros mecanismos sociais não dão conta de garantia da justiça como sendo equidade. 
Palavras chaves: Justiça. Sociedade. Princípios. Instituições. 

Anderson Kaue Plebani (UFSC) - "Heidegger e a tragédia grega: uma percepção aporética da essência do homem."
Resumo: A tragédia de Sófocles aparece em Introdução à Metafísica, cursos de Martin Heidegger, com o único intuito de servir-lhe como auxílio em sua exposição acerca da essência do homem (uma investigação em estreita conexão com a investigação fundamental da filosofia, a saber, a investigação do Ser). Nesta exposição, Heidegger indicará que as tragédias gregas foram a expressão máxima do espírito grego no tocante ao contato que estes tiveram com o Ser, ou physis. 
(...) investigaremos agora um poetar pensante dos gregos, e precisamente 
aquele, em que se instaura propriamente o ser e a existência (correspondente) 
dos gregos: a tragédia.” (HEIDEGGER, p. 168) 
Heidegger identifica neste verso um duplo sentido de “estranho” (Das Unheimlich). Primeiro, o homem é tão estranho quanto qualquer outra coisa, pois muitas são as coisas estranhas. Deste primeiro sentido de estranheza, todas as coisas participam. Depois, o homem é novamente estranho por ser o mais estranho entre todas as coisas. Este segundo sentido de estranho se efetiva na medida em que o homem se 
instaura entremeio às coisas estranhas e se percebe alheio, tanto às coisas quanto à sua própria instauração. Esta é a percepção aporética do homem e esta percepção, segundo Heidegger, não perdeu de vista o posicionamento que o homem assume entremeio ao Ser. É por manter esta intimidade com o Ser que a tragédia é eleita como expressão do espírito grego. E vale inversamente: é por manter esta intimidade com o Ser que o espírito grego é localizado na tragédia, e não nas epopéias ou nas comédias. Assim sendo, a presente proposta de comunicação tomará como órbita a leitura heideggeriana do posicionamento aporético do homem na percepção grega do Ser. 

Tiago Fernando Soares de Oliveira (UFFS) - "Aristóteles e o sujeito da Filosofia Primeira." 
Resumo: A comunicação visa a identificar o sujeito da ciência fundamentada por Aristóteles na obra Metafísica. Ademais, pretende demonstrar que tal ciência é uma ousiologia, não uma ontologia. Para tanto, estruturou-se o texto a partir de três momentos distintos. Inicialmente, por meio da referência à obra Analíticos Posteriores, buscou-se evidenciar os dois traços fundamentais da ciência, isto é, a causalidade e a necessidade. Destes dois, enfatizou-se a natureza da necessidade, característica que deve ser inerente ao sujeito da ciência. Num segundo momento, mostrou-se que a substância deve ser o sujeito da metafísica, pois, a despeito do ente enquanto ente, guarda a propriedade lógica da univocidade. Por fim, demonstrou-se que, em última instância, a metafísica possui como sujeito a substância simples, uma vez que esta não possui matéria e, portanto, é efetivamente necessária e omnitemporal. 
PALAVRAS-CHAVE: Metafísica. Substância. Ente. Necessidade. Ciência. 

Karine Rossi Pereira (UFSM) - A dicotomia entre pensamento tipológico e pensamento populacional".
Resumo: Ernest Mayr, em “Typological versus population thinking” procurou expor a dicotomia entre o pensamento tipológico (essencialismo), anterior à Darwin e o pensamento populacional, posterior à Darwin. Segundo Mayr, o pensamento tipológico, tinha suas raízes no essencialismo platônico; Platão defendeu que dentre as variedades de formas existentes no mundo, existiam formas que eram estáveis e imutáveis, e essas últimas, isto é, as formas estáveis e imutáveis, eram reais, enquanto as variedades das formas eram ilusões. Sendo assim, os tipologistas acreditavam que dentre a diversidade de seres vivos, uma espécie era formada a partir de um grupo de indivíduos que possuíssem uma ou mais características básicas, ou seja, características que seriam iguais em todos nesse grupo de indivíduos, essas características foram chamadas de “tipos”, “formas” e “essências”. Tais características seriam estáveis e imutáveis, pois não há gradação entre os tipos, e sendo assim, esses não evoluiriam. Para os tipologistas, segundo Mayr, a variedade entre os indivíduos seria uma ilusão, pois essa não existiria, enquanto os tipos seriam entidades que representariam a natureza no mundo, sendo assim reais.
O pensamento populacional, conforme aponta Mayr, foi introduzido na biologia a partir da publicação de A origem das espécies, a qual mudou a forma de ver a origem e a evolução das espécies. Essa forma de pensar, se opõe ao pensamento tipológico, pois defende que há uma variedade entre todos os indivíduos na natureza, isto é, cada indivíduo seria diferente de outro, e as espécies seriam formadas a partir de médias aritméticas das semelhanças desses indivíduos, não havendo, dessa forma, um “tipo”. Para os populacionistas, as características de um indivíduo não são estáveis, nem imutáveis, havendo gradação e evolução das espécies dessa maneira. Segundo Mayr, o pensamento populacional se mostra uma forma mais correta de representar a diversidade na natureza, em detrimento do pensamento tipológico, pois considera o indivíduo como algo singular, ou seja, defende que nenhum indivíduo é igual ao outro, e procura explicar a variação e suas frequências de ocorrência em uma população, diferentemente do pensamento tipológico que considerava, e dessa forma, após a publicação de Darwin, o pensamento tipológico foi rejeitado. 
Dada essa dicotomia, Maximiliano Martinez Bohórquez e Eugênio Andrade ao publicarem
A contingência dos padrões de organização biológica: superando a dicotomia entre pensamento tipológico e populacional”, defendem uma alternativa que uniria os dois tipos de pensamentos, a partir, segundo eles, de uma releitura de “A origem das espécies”. Nessa releitura, Martinez e Andrade, procuram mostrar que Darwin, ao inserir o pensamento populacional na biologia, não rejeitou o pensamento tipológico, mas uniu os dois em uma perspectiva histórica.
Palavras-chaves: Pensamento tipológico, pensamento populacional, Ernest Mayr, Darwin, A origem das espécies.

Mirtes Ingred Tavares Marinho (UESB) - "Locke e o argumento do espectro invertido."
Estar subjetivamente submetido a uma experiência é uma característica fenomênica. Concentrar sua atenção nessa característica de sua experiência te conscientizará de certas qualidades que por sua vez são denominados qualia. Frequentemente os filósofos da mente usam o termo “qualia” para se referir a características fenomenológicas de estados mentais, e essa questão encontra-se no centro do problema mente-corpo. Segundo John Heil, a experiência de cada sujeito é privada e o nosso mundo mental compreende experiências conscientes como os sabores que sentimos e os sons que ouvimos, de modo que, de um ponto de vista objetivo, não podemos observar nenhuma qualidade da experiência consciente de um sujeito. O presente trabalho tem como objetivo pensar na inversão dos qualia como um experimento de pensamento a partir da proposta de Locke no seu célebre argumento do Espectro Invertido. Para John Locke está além de nossa compreensão saber, por exemplo, se o conceito ou ideia produzida na mente de um homem quando ele enxerga determinada cor é o mesmo conceito ou ideia produzida na mente de outro homem quando ele enxerga esta mesma cor, pois os órgãos sensoriais de uma pessoa poderiam diferir de outra pessoa e o vocabulário das cores de ambas as pessoas também poderia ser inverso. O homem é dependente das ideias de sua mente às quais pode nomear da maneira que achar mais adequada. Locke analisa as ideias como sendo percepções de nossa mente e que podem em si ser verdadeiras ou falsas, sendo assim, não podemos conhecer a mente de terceiros, não se pode entender as imagens produzidas na mente de outra pessoa.
Palavras-chave: Qualia; Estados Mentais; Espectro Invertido.

Edegar Fronza Junior (UFSC) – “Arendt e Kant: Banalidade do mal e mal radical”.
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo investigar o problema do mal em Arendt e Kant. O primeiro filósofo a pensar o mal sem o contributo da teodicéia foi Kant. Ao tratar de tal temática desvincula a ideia de redenção trazida por Leibniz, Hegel e Marx. O filósofo de Könisberg lança mão do aparato divino trazendo o problema do mal a partir da finitude humana e enfatizando que este habita o lado noumenal do ser humano, ou seja, sua liberdade prática. Para Kant o mal humano não é natural, mas uma disposição à escolha de máximas egoístas. Em Origens do Totalitarismo Arendt emprega o termo mal radical, entendido como mal absoluto, referendo-se a catástrofe dos campos de extermínio. Em Eichmann em Jerusalém utiliza a expressão banalidade do mal para se referir à conduta de indivíduos como Adolf K. Eichmann, que em sua superficialidade teriam testemunhado um descompasso inédito entre a estatura do malfeitor e das transgressões cometidas. Hanna Arendt ao tratar do problema do mal o faz a partir de Kant e ao mesmo tempo alarga a compreensão do conceito entendendo-o para além do egoísmo (amor de si). A filósofa tratará o mal como banalidade. O tema do mal, para Arendt não terá como pano de fundo a malignidade, a perversão ou o pecado humano. A novidade da sua reflexão reside justamente em evidenciar que os seres humanos podem realizar ações inimagináveis, do ponto de vista da destruição e da morte, sem qualquer motivação maligna. O pano de fundo do exame da questão, é o processo de naturalização da sociedade e de artificialização da natureza ocorrido com a massificação, a industrialização e a tecnificação das decisões e das organizações humanas na contemporaneidade. O mal é abordado, desse modo, na perspectiva ético-política e não na visão moral ou religiosa.

Lucas Mateus Dalsotto (UFSM) - “O construtivismo na Filosofia Moral Rawlsiana.”
Resumo: Rawls concebe a teoria da justiça como equidade, do ponto de vista da epistemologia moral, como uma forma de construtivismo. No artigo Kantian Constructivism in Moral Theory, ele afirma que a ideia fundamental consiste em estabelecer uma relação apropriada entre uma concepção particular de pessoa e os princípios primeiros de justiça contrafactualmente acordados por meio de um procedimento de construção. Isso significa que o que justifica a adoção de determinada concepção de justiça pelos cidadãos não é fato de ela ser verdadeira em relação a uma ordem anterior a nós, mas que, dadas a nossa história e a tradição que estão na base de nossa cultura pública, ela é a concepção mais razoável para normativamente organizar uma sociedade democrática. Nesse caso, a objetividade moral para o construtivismo deve ser compreendida como um ponto de vista corretamente construído e aceitável para todos, diferentemente do que faz o realismo moral, onde, por meio de “intuições racionais”, as verdades em relação à moral seriam apreendidas. Na terceira seção texto acima citado, Rawls contrasta a ideia de construtivismo com o que ele chama de intuicionismo racional. Segundo o autor, essa doutrina (o intuicionismo) foi formulada de diversas maneiras. Por isso, para efeito de elucidar o que Rawls entende por intuicionismo, ele o resume em duas teses: (i) os conceitos morais básicos (o bem, o justo e o dignidade moral das pessoas) não podem ser analisados em termos de conceitos não morais (ii) e os princípios da moral (existindo um ou vários), quando corretamente formulados, são proposições autoevidentes que indicam se alguma coisa é intrinsicamente boa, se certa ação é o que deveríamos fazer ou então se determinado traço de caráter tem dignidade moral. Por isso, o construtivismo dirá que a nossa concepção da justiça, dados os critérios que podemos pensar em aplicar, é no momento atual a mais razoável para nós. Chegamos à ideia de que a objetividade não é dada “pelo ponto de vista do universo”, para usar a expressão de Sidgwick. Objetividade deve ser entendida com referência a um ponto de vista corretamente construído, do qual o contexto fornecido pelo procedimento da posição original é um exemplo.

Julio Tomé (UFSM) - “Hobbes e o Positivismo Jurídico no Leviatã.”
Resumo: Este trabalho tem como objetivo trazer uma leitura da obra Leviatã, do filósofo inglês Thomas Hobbes, por meio do Positivismo Jurídico. Sendo o Positivismo Jurídico uma corrente da Filosofia do Direito em contraposição ao Direito Natural (Jusnaturalismo), analisa-se neste trabalho trechos que poderiam evidenciar uma leitura Juspositivista na obra de Thomas Hobbes. Para tanto, inicialmente será apresentada a concepção de Estado Natural e Civil que Hobbes descreve no Leviatã, além dos principais conceitos de sua obra. Posteriormente serão explicados trechos que poderiam caracterizar Hobbes como um Positivista Jurídico (ou ao menos que o Leviatã possa ser lido como uma obra deste caráter).
Palavras-chave: Positivismo Jurídico. Filosofia do Direito. Leviatã.


Felipe Bragagnolo (Mestrando UFSM) - “Atitude fenomenológica: mudança do olhar do fato para a essência.”
Resumo: Um dos conceitos chaves da fenomenologia husserliana é denominado de intuição. Esse conceito torna-se ainda mais central em nosso artigo em função do nosso objetivo consistir em demostrar como nosso olhar que está imerso inicialmente na atitude natural, considerada por Husserl, em certa medida irrefletida, por seu caráter de crença no mundo e nas coisas, pode vir a mudar para um olhar fenomenológica, ou seja, de suspensão, de neutralização dos juízos imediatos. Sendo assim, o conceito de intuição nesse trabalho será utilizado como fio condutor de nossa investigação, pois o mesmo pode ser compreendido como afinidade radical entre o ver de fato o de essência. As obras base de Husserl para a realização desse trabalho foram: Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica (1913), primeira secção; e, Meditações Cartesianas (1950), fragmentos escolhidos conforme a temática aqui abordada.
Palavras-chaves: Intuição; Fenomenologia; Husserl; Atitude fenomenológica.


Melissa Fernanda Copetti (UFSM) - “O problema da intolerância religiosa: uma abordagem contemporânea.”
Resumo: O respectivo trabalho tem como objetivo a análise do problema da intolerância religiosa diante da questão do multiculturalismo, observado em muitos países, dentre eles o Brasil, país com um território de população composta por uma diversidade muito grande de etnias. Exponho uma análise histórico-filosófica da questão da diversidade religiosa, demonstrando o desenvolver do conceito de tolerância religiosa e as medidas dos Estados de governo democrático para uma relação harmônica entre os sujeitos praticantes de diferentes tipos de culto, apresento também a questão da laicidade e uma análise da situação diante da perspectiva do nosso país, inclusive com a lei da liberdade religiosa, que se tornou necessária apesar de já existir na constituição do país uma proteção do Estado para os praticantes de diferentes crenças. Minha abordagem é contemporânea, a fim manifestar o impacto da globalização e o conseqüente aumento dos problemas relativos ao multiculturalismo. Seria possível pensar em um diálogo entre todas as culturas existentes atualmente? Seria uma perspectiva, nesse caso, para formar uma espécie de democracia a nível mundial, de maneira que não anulasse suas peculiaridades, e assim formasse os princípios de justiça e solidariedade projetados pelas crenças a fim de estabelecer um sistema político ideal? Essas são algumas questões levantadas no debate entre o filósofo político Jürgen Habermas e o então cardeal (e hoje papa emérito) Joseph Ratzinger sobre a intolerância e o problema da multiculturalidade. Para Habermas a secularização cultural e social obriga as tradições do iluminismo e as doutrinas religiosas a refletirem sobre seus limites, desafio imposto pelo multiculturalismo. Ratzinger defende que não é o multiculturalismo que deve ser enfatizado, mas o interculturalismo, pois dessa forma não estaríamos apenas ‘deixando em paz’ cada cultura com suas peculiaridades, senão promovendo uma aproximação entre elas. Assim, para um Estado democrático de direito manter a liberdade dos cidadãos não deve excluir o fator divergente e tampouco preservar a heterogeneidade cultural. A proposta seria incluir, agregar costumes a partir das semelhanças. Porém Ratzinger defende a religião como uma forma de racionalização para o desenvolver dos princípios éticos nos Estados democráticos de direito. Enquanto o multiculturalismo separa o interculturalismo conecta. Então, ao vermos que não existem tantos tipos de crenças no mundo (segundo uma abordagem de Lou Marinoff, seriam quatro principais, mais as adjacentes e religiões tribais) vemos também que a religião, não apenas hoje, mas também numa perspectiva histórica, encontra-se em todas as culturas, e em todas, podemos observar conflitos decorrentes da intolerância. Na perspectiva do Brasil, país composto por etnias de todos os continentes, as políticas para a tolerância religiosa, e a tão debatida laicidade, ainda se defrontam com contradições, por um lado representantes religiosos redigem leis e determinadas crenças são beneficiadas e outras, reprimidas, embora, por outro lado, possamos encontrar, após uma rápida análise da história recente do país, uma concordância com a perspectiva habermasiana do modelo de Estado democrático que ‘pune’ os adeptos de crenças consideradas “inimigas do Estado”. Isso mudou depois da constituição de 1988, mas hoje ainda podemos observar resquícios de repressão às práticas religiosas não cristãs.
Palavras-chave: intolerância, religião, multiculturalismo.

Claudia Ribeiro (UFFS) - “A compaixão pelos animais segundo Arthur Schopenhauer.”
Resumo: Os animais sempre fizeram parte da vida humana, prova disso são as descobertas arqueológicas como os desenhos deixados em cavernas demonstrando a nossa ligação com esses seres. Evidentemente, os animais assumiram um papel importante na nossa vida no percurso da história, tornando-se fundamentais para nossa sobrevivência, seja para companhia, trabalho ou como fonte da nossa alimentação. Diversas civilizações antigas dominaram os animais por diversos motivos, alguns povos como no Egito antigo respeitavam e até os veneravam, por acreditarem que estes eram sagrados e chegavam a mumificar seus animais e enterrarem junto de seus donos. Porém, em geral o ser humano sempre se colocou em posição superior à esses seres da natureza, possuindo uma visão antropocêntrica sobre o Universo. Na história do pensamento, a temática sobre a compaixão pelos animais foi tratada de diversas perspectivas. Na Filosofia contemporânea Arthur Schopenhauer fora um dos pensadores que se preocupou com os animais e, mesmo não tendo produzido uma obra destinada a tratar do assunto, o pensador incluiu os direitos dos seres não-humanos em sua ética, que têm em sua base um sentimento: a compaixão. A compaixão deve ser compreendida como daquela cuja suas ações são suscitadas no intuito de promover o bem-estar de outro indivíduo, sem que o agente não possa se beneficiar com tal ação. E justamente por fundamentar sua ética no sentimento e não na razão, Schopenhauer quis demonstrar que esse sentimento também ocorre com relação aos animais. Mesmo que nenhuma lei nos obrigue a respeitar os demais seres vivos, algo quase que intuitivamente, nos faz querer proteger e preservar a vida destes seres. Sabemos que eles sentem dor, fome, medo e sofrem assim como nós. Nesse caso, até mesmo um ser humano egoísta pode manifestar tal sentimento pelos animais, pois a compaixão faz-se valer em todas as relações e mostra-se em todos os povos e tempos. Por isso é que se apela para ela como sendo algo presente necessariamente em todo homem. Palavras-chave: Animais. Compaixão. Schopenhauer.





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