Felipe
Bragagnolo – UFSM Atitude fenomenológica: mudança do olhar do
fato para a essência.
Um
dos conceitos chaves da fenomenologia husserliana é denominado de
intuição. Esse conceito
torna-se ainda mais central em nosso artigo em função do nosso
objetivo consistir
em demostrar como nosso olhar que está imerso inicialmente na
atitude natural, considerada
por Husserl, em certa medida irrefletida, por seu caráter de crença
no mundo e
nas coisas, pode vir a mudar para um olhar fenomenológica, ou seja,
de suspensão, de neutralização
dos juízos imediatos. Sendo assim, o conceito de intuição nesse
trabalho
será
utilizado como fio condutor de nossa investigação, pois o mesmo
pode ser
compreendido
como afinidade radical entre o ver de fato o de essência. As obras
base de
Husserl
para a realização desse trabalho foram: Ideias
para uma fenomenologia pura e
para
uma filosofia fenomenológica (1913), primeira
secção; e, Meditações Cartesianas
(1950),
fragmentos escolhidos conforme a temática aqui abordada.
Palavras-chaves:
Intuição; Fenomenologia; Husserl; Atitude fenomenológica.
Cristina
Gabriela Feiber - Mestrado em Filosofia (UFSM) “A alegoria da
caverna e o conhecimento em Platão”
O
tema do conhecimento em Platão deu origem à várias interpretações,
aqui trataremos desse assunto na República. No Livro VII desta obra,
Sócrates apresenta a alegoria da caverna. Descreve a situação em
que homens vivem em uma moradia subterrânea desde a infância. A
metáfora é bem conhecida para que precisemos detalhar, assim
passamos a parte que nos interessa. O que acontece ao liberto da
caverna? O que aconteceria se um desses homens, tivesse que se
levantar, virar o pescoço e olhar na direção da luz. Isso tudo lhe
causaria dor, além de que o deslumbramento lhe impediria de ver os
objetos dos quais até então conhecia apenas as sombras. Se lhe
dissesse que
somente
agora estava vendo algo mais próximo da verdade ele acreditaria? Se
lhe questionassem sobre os nomes dos objetos que somente agora via,
ele não se atrapalharia? E fora da caverna forçado a habituar-se a
luz, primeiro perceberia mais facilmente as sombras dos objetos,
depois as imagens refletidas na água, e por último os próprios
objetos, no entanto sempre enxergando com mais facilidade sob a luz
da lua que de dia ao sol com todo o seu fulgor. Só posteriormente se
adaptaria ao sol, e de raciocínio em raciocínio chegaria à
conclusão de que o sol dirige tudo no espaço visível e também
seria a causa do que ele e seus companheiros estavam acostumados a
distinguir.
Exposto a alegoria é necessário aplica-la sobre o que veio
ilustrar: o debate sobre mundo sensível e o inteligível. A moradia
subterrânea é comparada com aquilo que os olhos veem, a luz do fogo
com a energia do sol e a subida ao mundo superior seria como a subida
da alma para a região inteligível. No limite extremo da região do
cognoscível estaria a ideia do bem, de difícil percepção, mas que
quando apreendida mostra que é a causa de tudo que é belo e
direito, fonte imediata da verdade e da inteligência, que deverá
ser comtemplada por quem quer agir com sabedoria. A
ascensão
do sensível ao inteligível, da opinião ao conhecimento requer uma
educação da razão, Sócrates avalia em balanço, educação não é
o que muitos indevidamente afirmam quando se dizem capazes de enfiar
na alma o conhecimento que nela não existe como se pudessem dotar de
vistas olhos cegos: essa capacidade é inata à alma como o órgão
do conhecimento. E da mesma maneira como o olho não pode se virar
para a luz sem que todo o corpo o acompanhe, o conhecimento
juntamente com toda a alma terá de virar-se das coisas perceptíveis
até que se torne capaz de suportar a vista do ser e da parte mais
brilhante do ser, e isso seria o bem. A educação seria, pois, a
arte de promover a mudança de direção da alma. O objetivo desse
trabalho é analisar essas questões sobre o conhecimento no Platão
da República e buscar entre os comentadores contemporâneos a
interpretação mais coerente para sua epistemologia.
Palavras-Chave:
Conhecimento – Platão – Alegoria da caverna – República
Lilian
Paula Vivan (UFFS) - A RELEVÂNCIA DA EDUCAÇÃO INTEGRAL PARA A
FORMAÇÃO DO HOMEM INTEGRAL
Resumo:
A elaboração do presente trabalho pretende identificar na obra
“Educação não é privilégio” do educador Anísio Teixeira, os
benefícios proporcionados pela educação em tempo integral na
formação plena do indivíduo. Para Anísio, somente a instrução
proporcionaria as mudanças profundas e necessárias à sociedade
futura, uma vez que, apenas por meio de uma educação justa e
igualitária, defendida vivamente por ele, os indivíduos teriam suas
potencialidades desenvolvidas integralmente. Desta forma, buscou-se
apresentar de maneira geral a situação educacional do país e a
proposta de solução aos problemas apontados pelo autor. Sua análise
está
fundamentada
na educação em período integral, para suprir as patologias de
ensino e formação cidadã dos indivíduos, principalmente dos mais
desfavorecidos socialmente.
Miriam
Oliveira Leite (Universidade Federal Fluminense)
Muito
se têm discutido sobre o surgimento da Filosofia. O intrigante é
pensar em que momento a
humanidade
começou a ter anseios de conhecimento sobre sua prórpria natureza.
A presente
comunicação
pretende apresentar considerações a respeito da passagem do mito à
razão, na Grécia
antiga.
O objetivo desta pesquisa é analisar a importância da descoberta da
razão crítica e verficar
que
esta transição não se dá por uma ruptura de pensamento, mas por
uma adequação e conservação
da
herança mítica que estará presente neste novo momento, sob um
outro viés. Esta análise está
calcada
principalmente sob a perspectiva de Nietzsche e Deleuze, em especial
na obra "A Filosofia
na
Idade Trágica dos Gregos", de Nietzsche, partindo do
pressuposto Nietzscheano, que considera
os
gregos, os verdadeiros criadores e mestres da filosofia.
Palavras-chave:
Mito. Razão. Gregos. Nietzsche.
Ortega
y Gasset e Tugendhat – Filosofia como atividade, mas que atividade?
Um
slogan corrente ao se falar de filosofia é o seguinte: a
filosofia é uma atividade! Mas
diferentes
filósofos que estão de acordo com esse slogan terão
diferentes respostas sobre em que
consiste
tal atividade. Nesta comunicação faremos uma análise de duas
respostas à pergunta sobre o
que
é filosofia que a caracterizam como uma atividade. Iniciamos
analisando as questões do tipo “O
que
é ...?” Quando fazemos perguntas do tipo “O que é …?” uma
das coisas que podemos estar
buscando
é uma definição daquilo que é perguntado, e como definição
podemos entender um certo
tipo
de explicação. Por exemplo: Uma resposta apropriada para a pergunta
“O que é um quadrado?”
poderia
ser “uma figura geométrica de quatro lados de mesmo comprimento e
quatro ângulos
retos”.
Essa é uma descrição de características que todos os quadrados
necessariamente possuem,
sendo
que tudo o que um objeto precisa para ser um quadrado é possuir
essas propriedades. Nesse
caso,
fornecemos as condições necessárias e suficientes para algo ser um
quadrado. No caso do
quadrado,
ser “uma figura geométrica de quatro lados de mesmo comprimento”
é uma condição
necessária
e suficiente, ter “quatro ângulos retos” é uma condição
necessária (não é suficiente,
retângulos
também possuem quatro ângulos retos) e a conjunção das duas
propriedades é uma
condição
necessária e suficiente. Ao menos em um sentido, perguntar “O que
é …?” é perguntar
sobre
sua definição, ou seja, pelas suas condições
necessárias e suficientes. Na análise dos textos O
que
é a filosofia? (de 1929, escolhidos excertos das lições IV e
XI) de José Ortega y Gasset e “O
que
é filosofia?” (1982) de Ernst Tugendhat, tentaremos (I)
estabelecer na medida do possível quais
seriam
as condições necessárias e suficientes para que algo seja
filosofia em ambos os autores e (II)
comparar
suas definições de filosofia. Procuramos mostrar que ao compararmos
essas duas
definições
de filosofia alcançamos um maior grau de compreensão da pergunta “O
que é a
filosofia?”
Todavia, uma definição em termos de condições necessárias e
suficientes pouco nos
ajuda
na estipulação de uma resposta propriamente dita.
Palavras
Chave: Filosofia como atividade; Definição; Condições Necessárias
e Suficientes.
Maicon
Willian Halabura (UFFS- Chapecó) – “Uma defesa a existência das
coisas enquanto
coisas,
indiferente da percepção humana sobre elas.”
A
comunicação se trata de uma argumentação no campo temático da
Filosofia da Percepção,
pretende
expor uma breve defesa da existência de “objetos” do mundo
indiferente da
percepção
humana sobre eles. O tema “A existência do mundo exterior, e se
podemos
conhecê-lo
tal como é” foi abordado desde os primórdios da filosofia e por
seguir sendo um
dos
mais pontuais e importantes temas discutidos por filósofos também
de nossa
contemporaneidade
(com grupo de discussão permanente na ANPOF inclusive), cabe
certamente
que sobre ele ainda depositemos nossa atenção e pesquisa.
Jessica
Roberta SOZO (UFFS)
O MITO DAS CINCO RAÇAS DE HESÍODO E
SUA RELAÇÃO COM O CONCEITO DE JUSTIÇA NA OBRA O
TRABALHO E OS DIAS
RESUMO
Este
trabalho objetiva realizar uma breve análise da obra de Hesíodo O
Trabalho e os Dias e
apresentar a concepção de justiça abordada na obra e a sua relação
com o mito das cinco raças, utilizados pelo poeta. Para tanto,
desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica tendo como foco os mitos
apresentados pelo poeta para sustentar sua argumentação a cerca da
justiça. Esse estudo se apresenta em uma única seção que
problematizará a pertinência do mito supramencionado para a
argumentação do autor. Após o estudo da obra referida, as
conclusões apontam para a afirmação de que a abordagem do mito das
cinco raças bem como, outros mitos presentes na obra, é fundamental
para uma melhor aproximação e entendimento da obra para o público
o qual o poeta se direciona. O
Trabalho e os Dias consiste
numa obra narrada em primeira pessoa que tem como objeto central a
realidade vivida pelo trabalho no campo e almeja o ensinamento da
justiça para as pessoas em âmbito geral.
Palavras-Chave:
Hesíodo.Justiça.Direito.
Wilder
S. Souza
(UFSM) David
Hume e a Origem das Ideias
Resumo
A
história da filosofia moderna é marcada por duas tradições de
abordagem do conhecimento: a tradição empirista e a tradição
racionalista. Nesse trabalho, pretendo examinar as principais razões
que motivaram o filósofo escocês David Hume a sustentar que todas
nossas ideias ou conceitos que utilizamos para pensar e ordenar a
experiência derivam de impressões sensíveis ou de dados dos
sentidos. Essa tese é exposta no Tratado
da Natureza Humana e
na seção II da Investigação
Sobre o Entendimento Humano, intitulada
Da
Origem das Ideias. Pretendo
mostrar que a tese empirista de Hume da origem sensível das ideias é
uma decorrência de visões científicas que estavam em
desenvolvimento na época, particularmente sobre o funcionamento do
cérebro. Hume foi, nesse sentido, um precursor da ciência cognitiva
contemporânea e sua contribuição principal foi ter oferecido
argumentos que permitiam conceber o conhecimento como um produto
natural da mente humana, elaborado a partir de um processo de
abstração que se inicia quando temos percepção das coisas através
dos nossos sentidos.
Adelar
Conceição (Doutorado em Filosofia – UFRGS) EXISTENCIALISMO
E “CONSCIÊNCIA INFELIZ”.
O
presente texto pretende analisar a relação entre a figura hegeliana
da “consciência infeliz” e seu reflexo nas filosofias da
existência. A consciência infeliz é uma das formas assumidas pela
consciência no seu desenvolvimento enquanto “ciência da
experiência da consciência” na Fenomenologia
do Espírito.
Ela aparece logo após a “dialética do senhor e do escravo”, e
representa a interiorização, na perspectiva de uma consciência de
si, desse embate entre duas consciências. Nesse processo a
consciência de si se reconhece para si como Si mesma, consciência
finita, na qual sua finitude representa uma espécie de ‘condição
existencial’. Aqui a ‘infelicidade’ da consciência reside no
reconhecimento da sua incompletude, lhe falta o infinito, apenas
alcançado em uma “consciência religiosa”. A perspectiva do
absoluto contida no projeto hegeliano requer assim a “suprassunção”
dessa condição existencial da consciência. A filosofia da
existência é nesse sentido uma contestação do projeto absoluto de
Hegel. Kierkegaard, apontado como seu primeiro representante,
reivindica uma relação com a infinitude que preserve a
individualidade da consciência. Acentua assim a impossibilidade da
consciência individual ultrapassar sua finitude, ou seja, mesmo a
experiência da infinitude da consciência religiosa é vivido de
modo pessoal. O movimento existencialista, e mais especificamente a
“analítica existencial” de Heidegger e o existencialismo de
Sartre, caracterizam-se em grande medida por assumir essa perspectiva
que toma como ponto de partida a condição existencial da
consciência primeiramente como um “ser no mundo”. Pretende-se
destacar assim que a filosofia da existência assume a condição
existencial da consciência enquanto finitude, e nesse sentido em que
medida poderíamos dizer que o existencialismo é uma consciência
infeliz.
Palavras-chave:
existencialismo;
“consciência infeliz”; finitude
A
alegoria da caverna e o conhecimento em Platão
Resumo:
O
tema do conhecimento em Platão deu origem à várias interpretações,
aqui trataremos desse assunto na República. No Livro VII desta obra,
Sócrates apresenta a alegoria da caverna. Descreve a situação em
que homens vivem em uma moradia subterrânea desde a infância. A
metáfora é bem conhecida para que precisemos detalhar, assim
passamos a parte que nos interessa. O que acontece ao liberto da
caverna? O que aconteceria se um desses homens, tivesse que se
levantar, virar o pescoço e olhar na direção da luz. Isso tudo lhe
causaria dor, além de que o deslumbramento lhe impediria de ver os
objetos dos quais até então conhecia apenas as sombras. Se lhe
dissesse que somente agora estava vendo algo mais próximo da verdade
ele acreditaria? Se lhe questionassem sobre os nomes dos objetos que
somente agora via, ele não se atrapalharia? E fora da caverna
forçado a habituar-se a luz, primeiro perceberia mais facilmente as
sombras dos objetos, depois as imagens refletidas na água, e por
último os próprios objetos, no entanto sempre enxergando com mais
facilidade sob a luz da lua que de dia ao sol com todo o seu fulgor.
Só posteriormente se adaptaria ao sol, e de raciocínio em
raciocínio chegaria à conclusão de que o sol dirige tudo no espaço
visível e também seria a causa do que ele e seus companheiros
estavam acostumados a distinguir. Exposto a alegoria é necessário
aplica-la sobre o que veio ilustrar: o debate sobre mundo sensível e
o inteligível. A moradia subterrânea é comparada com aquilo que os
olhos veem, a luz do fogo com a energia do sol e a subida ao mundo
superior seria como a subida da alma para a região inteligível. No
limite extremo da região do cognoscível estaria a ideia do bem, de
difícil percepção, mas que quando apreendida mostra que é a causa
de tudo que é belo e direito, fonte imediata da verdade e da
inteligência, que deverá ser comtemplada por quem quer agir com
sabedoria. A ascensão do sensível ao inteligível, da opinião ao
conhecimento requer uma educação da razão, Sócrates avalia em
balanço, educação não é o que muitos indevidamente afirmam
quando se dizem capazes de enfiar na alma o conhecimento que nela não
existe como se pudessem dotar de vistas olhos cegos: essa capacidade
é inata à alma como o órgão do conhecimento. E da mesma maneira
como o olho não pode se virar para a luz sem que todo o corpo o
acompanhe, o conhecimento juntamente com toda a alma terá de
virar-se das coisas perceptíveis até que se torne capaz de suportar
a vista do ser e da parte mais brilhante do ser, e isso seria o bem.
A educação seria, pois, a arte de promover a mudança de direção
da alma. O objetivo desse trabalho é analisar essas questões sobre
o conhecimento no Platão da República e buscar entre os
comentadores contemporâneos a interpretação mais coerente para sua
epistemologia.
Palavras
chaves:
Conhecimento
– Platão – Alegoria da caverna – República
Ítalo
Clay T. de Lima (Mestrando UCS) O
CONCEITO DE PAZ EM KANT
O
pensamento filosófico nos concebe a possibilidade de compreender
diversos conceitos talvez nunca estudados em nenhuma outra área do
entendimento humano. Neste sentido, temos a necessidade de cada vez
mais nos debruçar e tentar entender até que ponto podemos nos
desvencilhar da animalidade tão natural e também tão reprimida
pelo aspecto social em que
formalizamos
com o objetivo de vivermos em comunhão. A paz entre os homens é uma
das problemáticas mais desejadas e menos praticas pela humanidade,
pois em sua essência exige um esforço que se afasta cada vez mais
da feição humana. Fazemos guerras por motivos banais cujo princípio
motor dos atos bélicos não são universais, mas particulares que
infringe as leis e a soberania do outrem. O Estado foi criado com o
objetivo único de proteger o direito, a lei, o cidadão. A sociedade
possui como fundamento singular não apenas o direito, mas a
liberdade, caracterizando assim, a sociedade civil. Mas o que é a
sociedade civil? Em que consiste os conceitos como: liberdade,
autonomia, igualdade, cidadania? A que se deve a fundamentação da
república?
Seriam os conceitos apresentados pré-requisitos para a fundamentação
da paz? Por que ela teria que ser perpétua? Desse modo, o pensamento
kantiano é revelador na explicação conceitual da paz. Mediante
estas palavras, se faz necessário anunciar que o objetivo central
deste trabalho
é
de maneira geral, descrever o conceito de paz na perspectiva
kantiana, e não fazer um estudo aprofundado sobre o tema abordado.
Tentar manifestar uma cultura da paz é saber quanto à violência
faz parte de nossa natureza. Porém, motivar uma forma de cultura
para a paz se faz necessário fundar as bases de uma educação. O
que somente pela educação e pela escola tomará em sua consciência
a necessidade de promulgar a paz em si e, por conseguinte, entre os
povos. Destarte, Kant não foi o único a vessar sobre a paz. Outros
filósofos como Rousseau, Hobbes, Locke tiveram seu empenho quanto
esta questão. No entanto, se faz necessário frisar que Kant não é
ingênuo no que se refere à possibilidade de entrever a paz, pois
tal objeção só é possibilitada por meio da razão humana, sendo
assim, uma ação exclusiva à humanidade. Portanto, este trabalho
não tem o caráter de esgotar as o tema, mas sim de conceber um
estudo não aprofundado sobre o mesmo.
DOUGLAS
A. SCHAITEL (UFFS)
Compreensão, "ser-ser-aí"
e ontologia: aspectos de uma filosofia fenomenológica-hermêneutica
Este
trabalho tem por objetivo expor a caracterização da hermenêutica
heideggeriana presente em Ser
e tempo,
mostrando como a própria fenomenologia-hermenêutica se caracteriza
não apenas como método, mas também enquanto um modo de ser
(enquanto um existencial) do próprio Dasein.
Dessa maneira, primeiramente, far-se-á um breve panorama ou uma
retomada histórica sobre um possível significado da palavra
hermenêutica,
isto é, uma revisão mais geral da caracterização do sentido de
uma "interpretação", conforme Richard Palmer. Em um
segundo momento, mostrar-se-á como a concepção de
fenomenologia-hermenêutica caracteriza-se enquanto um caráter de
via de acesso acerca da abordagem do sentido do ser, demonstrado como
a compreensão
(verstehen)
se
apresenta como alteridade, isto é, mostraremos como a discussão
contemporânea sobre hermenêutica se caracterizou enquanto
investigação filosófica, constituinte de nossa revisão
bibliográfica.
Palavras-chave:
Compreensão.
Fenomenologia. Hermenêutica. Dasein.
Ser
e tempo.
Lúrian
Possebon – UFSM A
epistemologia moral alternativa de Margaret Walker
Uma
ética feminista difere de outras na medida em que procura apontar
elementos e questionar a autoridade das teorias morais que são
utilizadas para justificar opressões e exclusões; ao mesmo tempo,
constrói suas teorias a fim de incluir aqueles que não são bem
representados pelas tradicionais. Autoras feministas do campo da
ética teceram duras críticas às teorias morais clássicas da
filosofia, na medida em que estas não são bem-sucedidas em atender
às demandas por igualdade de gênero. Isso se deve principalmente às
características valoridas por essa tradição: universalidade,
cientificidade, alto grau de abstração e a ideia de moral como
conhecimento. Esse tipo de visão assume que a ética trata da
escolha pela melhor teoria moral, de acordo com o nível de
satisfação das características citadas. Segundo Margaret Walker,
utilitaristas, kantianos e contratualistas como
Rawls
estão envoltos em um modelo problemático, chamado por ela de
teóricojurídico. Esse modelo assume que falar sobre
moralidade é falar sobre conhecimento, e esse conhecimento deve ser
teórico e capaz de julgar maneiras de agir como corretas ou
incorretas. Ele busca também a uniformidade através da
impessoalidade no julgamento das situações, por meio do descarte de
qualquer detalhe que possa ser considerado irrelevante, para que
assim o caso em questão “caiba” em um princípio postulado pela
teoria (WALKER, 1992, p. 31). Em vista disso, Walker procura oferecer
um modelo alternativo, uma nova epistemologia moral que possa abarcar
verdadeiramente todas as formas da moralidade não contempladas pelas
teorias clássicas: o modelo expressivocolaborativo. Sua
argumentação é por uma naturalização da moralidade, considerando
os entendimentos morais produzidos em cada comunidade, sem com isso
usar de relativismo: é preciso criar meios para avaliar se os
costumes e práticas fomentados por certos grupos em uma determinada
sociedade estão legitimados, ou se estão servindo como pretexto
para opressões e marginalizações de outros grupos dentro dela.
Assim, enquanto o modelo teórico-jurídico é incapaz de garantir
essas condições, o modelo expressivo-colaborativo tem em seu cerne
a busca pela
legitimidade
e o questionamento de autoridades morais.
ANTÔNIO
FAGHERAZZI JÚNIOR (UFFS) A
importância de Thomas Hobbes e John Locke para o surgimento da
concepção de direitos individuais
Esta
comunicação objetiva demonstrar a importância das obras políticas
de dois dos principais filósofos contratualistas dos séculos XVII,
Thomas Hobbes e John Locke, para a formação da concepção dos
direitos individuais contemporâneos. Desde a antiguidade, a função
legislativa é tida como um dos tripés dos poderes do Estado, sendo
notória sua importância, já que seus protagonistas são
responsáveis pela criação do conjunto de regras que possibilitam o
convívio social. Trata-se de uma seara que está em constante
produção e mutação, porquanto a sociedade, no decorrer do tempo,
vai alterando suas exigências, tendo novas necessidades,
reivindicando novos direitos e fomentando
novos
deveres. As leis tendem a acompanhar essa evolução, atualizando-se
constantemente, alicerçadas nas teorias político-filosóficas de
seu tempo. Entretanto, como é possível verificar na legislação
brasileira e de muitos outros países, existe um conjunto mínimo de
regras que costumam ser praticamente imutáveis, constituindo um
“núcleo duro” da legislação e que devem necessariamente estar
previstos no momento de positivação das leis estatais. Esse núcleo
mínimo normalmente está inserido na lei maior de cada nação – a
constituição –, ou em leis esparsas, ou então nos costumes do
país (em se tratando do sistema consuetudinário, como o inglês).
Tal conjunto mínimo de preceitos costuma ser intitulado de “direitos
humanos”, os quais, quando positivados, recebem o nome de “direitos
fundamentais”. A primeira gama desses direitos, denominada de
“direitos individuais”, nasceu como fruto das revoluções
iluministas burguesas e
enfatizavam
a defesa dos direitos singulares do homem, tais como vida, liberdade
e propriedade. Surgiram num momento de mudança do paradigma
filosófico, quando o ser humano tornou-se o centro teórico das
discussões filosóficas, repercutindo, inclusive, nas discussões
metafísicas, momento designado por Kant como “revolução
copernicana”. As teorias políticas não ficaram aquém dessa
mudança. Focados no indivíduo, os denominados filósofos
contratualistas repensaram a concepção de Estado e discorreram
sobre os direitos naturais inerentes a todo o ser humano, os quais
deveriam ser minimamente garantidos. São três os grandes pensadores
elencados pela tradição filosófica como responsáveis por este
novo modelo - Hobbes, Locke e Rousseau -, os quais, adotando uma
perspectiva contratualista, concebem uma sociedade em que o indivíduo
está no centro e o Estado deve ser o garantidor de seus direitos. É
por isso que se torna importante conhecer a obra de tais filósofos,
em especial os clássicos Leviatã (1651), de Hobbes, II
Tratado Sobre o Governo Civil (1690), de Locke e Do Contrato
Social (1762), de Rousseau. No presente trabalho pretende-se
abordar os dois primeiros expondo suas concepções de Estado e de
direitos individuais e conectando-os à atual concepção de
inalienabilidade e irrenunciabilidade dos direitos inerentes ao ser
humano.
Susiane
Kreibich (UFFS) Ensaio
sobre o princípio de individuação em Duns Scotus
Ser
algo é ser um indivíduo. É o indivíduo que se configura diante de
nós como algo único. É a partir dele que o percebemos como algo
singular descrito por uma universalidade que é comum aos demais da
mesma espécie. Ao vermos algo singular o percebemos como um
indivíduo. Então surge a questão: o que diferencia um indivíduo
dos demais da mesma espécie? O que determina que “este”
indivíduo seja “este” e não outro? Mesmo reconhecendo-o dentro
de uma espécie, possuidor de algo em comum com os demais indivíduos,
há “neste” singular algo que o diferencia dos outros. Há algo
que é próprio dele e o faz distinguir-se dos demais. “Isto” que
faz com que um indivíduo seja “este” indivíduo e não outro, o
filósofo medieval João Duns Scotus (1265-66/1308) denominou de
haecceitas.
Porém, mesmo sendo um indivíduo, há algo “neste” singular em
comum com os demais da mesma espécie. Cada indivíduo possui uma
natureza que é compartilhada com outros da mesma espécie. Esse
“algo comum” é o substrato metafísico para a individualidade,
e, no universo conceitual scotista, denomina-se “natureza comum”
(natura
communis).
Nesse sentido, a presente comunicação tem por objetivo apresentar
um ensaio introdutório dos conceitos denominados haecceitas
e
“natureza comum”, bem como a relação estabelecida entre eles,
uma vez que esses se constituem no núcleo da teoria da individuação
scotista.
Palavras-chave:
Haecceitas.
Natureza comum. Individuação. Duns Scotus. Filosofia Medieval.
Mariane
Gehlen Perin (UFSM) As implicaturas conversacionais no contexto da
necessidade de uma teoria pragmática da linguagem.
Resumo: Na busca de
explicações de como as palavras e sentenças significam, os
semanticistas elaboraram diversas teorias que, de modo geral,
obtiveram bastante sucesso. Contudo, no curso do desenvolvimento
dessas teorias semânticas apresentaram-se vários problemas para os
quais essas teorias não conseguiram apresentar respostas
satisfatórias. Ora, esses problemas que os semanticistas enfrentam
estão relacionados com dificuldades em explicar determinados
fenômenos linguísticos, tais como, tautologias evidentes,
metáforas, ironias, implicaturas conversacionais, entre outros.
Assim, é neste contexto, de boas teorias semânticas que, contudo,
não conseguem dar conta de todos os fenômenos da linguagem que
surge a necessidade de uma teoria pragmática da linguagem para
esclarecer os problemas que ultrapassam o nível semântico da
linguagem. Nesse sentido, o trabalho de Herbert Paul Grice, resolve,
no nível da pragmática, muitos problemas que somente as teorias
semânticas não conseguiam dar conta. Deste modo, pretendo mostrar
em meu trabalho a concepção de Grice sobre a conversação e como
disso deriva seu conhecido Princípio de Cooperação, o qual é uma
boa chave para compreendermos os fenômenos pragmáticos da
linguagem, tais como, as já anteriormente mencionadas metáforas,
ironias, tautologias evidentes e as implicaturas conversacionais.
Palavras-chave: H.
P. Grice, pragmática, implicaturas conversacionais.
Willian
Martini (UFSM) – “As divergências teóricas do
multiculturalismo”
Resumo:
ao longo de sua história, a humanidade tem testemunhado conflitos
gerados pela dificuldade de convivência entre povos com diferenças
raciais, étnicas e culturais. Atualmente, os problemas engendrados
por esses conflitos afetam a maioria dos países e sua repercussão
atinge proporções globais. Os debates sobre como resolver tais
divergências são cada vez mais frequentes, sendo que há grande
variedade teórica no interior das discussões. O cenário do debate
sobre o multiculturalismo é composto por uma gama razoavelmente
ampla de posições conflitantes. São muitos os “multiculturalismos”
que aparecem com as mais variadas adjetivações: multiculturalismo
essencialista,
universalista,
agregativo
etc.
Estes diferentes tipos de multiculturalismo estão associados a
diferentes concepções acerca daquilo que é relevante para os
problemas relativos à diversidade cultural, o que acaba forçando-os
a uma tomada de posição. Neste trabalho, ofereço uma pequena
explanação acerca dos tipos de multiculturalismo que aparecem no
trabalho de Peter McLaren, dando atenção especial à sua formulação
do multiculturalismo crítico.
Minha pretensão é analisar o nexo de ligação entre o tipo de
multiculturalismo defendido por uma posição e os problemas ou
questões aos quais está vinculado, localizando assim as bases
político-ideológicas sobre as quais o discurso de cada posição
repousa.
Palavras-chave:
cultura, etnocentrismo, diferença, multiculturalismo.
Anderson
Kaue Plebani (UFSM)
Heidegger e a tragédia grega: uma
percepção aporética da essência do homem
Resumo:
A tragédia de Sófocles aparece em Introdução
à Metafísica, cursos
de Martin Heidegger, com o único intuito de servir-lhe como auxílio
em sua exposição acerca da essência do homem (uma investigação
em estreita conexão com a investigação fundamental da filosofia, a
saber, a investigação do Ser). Nesta exposição, Heidegger
indicará que as tragédias gregas foram a expressão máxima do
espírito grego no tocante ao contato que estes tiveram com o Ser, ou
physis.
“(...)
investigaremos agora um poetar pensante dos gregos, e precisamente
aquele, em que se instaura propriamente o ser e a existência
(correspondente) dos gregos: a tragédia.” (HEIDEGGER,
p. 168)
Quando
Heidegger se refere ao “ser
e a existência correspondente dos gregos”,
esta sua observação está fundada nos propósitos de sua
investigação. Isto porque Heidegger, mais adiante nesta mesma obra,
afirma de Homero como sendo este o fundador da linguagem poética dos
gregos, aquele que não apenas está mais próximo da origem do povo
grego mas que efetivamente é a origem deste povo. Homero, segundo
Heidegger, é a poesia originária da história do ocidente, em suas
palavras: “os
gregos criaram e experimentaram tal poesia através de Homero”
(HEIDEGGER, p.193). Pelo modo como Heidegger articula Homero e
Sófocles nesta obra, fica sugerido que o acontecimento originário
do povo grego não o colocou no mais privilegiado contato com o Ser,
mas um momento posterior foi capaz de fazê-lo, a saber, nas
encenações das tragédias. Basta compreender agora como a tragédia
supostamente revelou o Ser para seus contemporâneos. O verso
inaugural do segundo coro cantado na tragédia Antígona, “Muitas
são as coisas estranhas, / nada, porém, há de mais estranho do que
o homem”,
manifesta o homem como o ente mais estranho.
Heidegger
identifica neste verso um duplo sentido de “estranho” (Das
Unheimlich).
Primeiro, o homem é tão estranho quanto qualquer outra coisa, pois
muitas
são as coisas estranhas. Deste
primeiro sentido de estranheza, todas as coisas participam. Depois, o
homem é novamente estranho por ser o mais
estranho entre
todas as coisas. Este segundo sentido de estranho se efetiva na
medida em que o homem se instaura entremeio às coisas estranhas e se
percebe alheio, tanto às coisas quanto à sua própria instauração.
Esta é a percepção aporética do homem e esta percepção, segundo
Heidegger, não perdeu de vista o posicionamento que o homem assume
entremeio ao Ser. É por manter esta intimidade com o Ser que a
tragédia é eleita como expressão do espírito grego. E vale
inversamente: é por manter esta intimidade com o Ser que o espírito
grego é localizado na tragédia, e não nas epopéias ou nas
comédias.
Assim
sendo, a presente proposta de comunicação tomará como órbita a
leitura heideggeriana do posicionamento aporético do homem na
percepção grega do Ser.
Lucas
Mateus Dalsotto (Doutorando UFSM) - O
CONTRUTIVISMO NA FILOSOFIA MORAL RAWLSIANA
Resumo:
Rawls concebe a teoria
da justiça como equidade,
do ponto de vista da epistemologia moral, como uma forma de
construtivismo. No artigo Kantian
Constructivism in Moral Theory, ele
afirma que a ideia fundamental consiste em estabelecer uma relação
apropriada entre uma concepção particular de pessoa e os princípios
primeiros de justiça contrafactualmente acordados por meio de um
procedimento de construção. Isso significa que o que justifica a
adoção de determinada concepção de justiça pelos cidadãos não
é fato de ela ser verdadeira em relação a uma ordem anterior a
nós, mas que, dadas a nossa história e a tradição que estão na
base de nossa cultura pública, ela é a concepção mais razoável
para normativamente organizar uma sociedade democrática. Nesse caso,
a objetividade moral para o construtivismo
deve
ser compreendida como um ponto de vista corretamente construído e
aceitável para todos, diferentemente do que faz o realismo moral,
onde, por meio de “intuições racionais”, as verdades em relação
à moral seriam apreendidas. Na terceira seção texto acima citado,
Rawls contrasta a ideia de construtivismo
com
o que ele chama de intuicionismo
racional.
Segundo o autor, essa doutrina (o
intuicionismo)
foi formulada de diversas maneiras. Por isso, para efeito de elucidar
o que Rawls entende por intuicionismo,
ele o resume em duas teses: (i) os conceitos morais básicos (o bem,
o justo e o dignidade moral das pessoas) não podem ser analisados em
termos de conceitos não morais (ii) e os princípios da moral
(existindo um ou vários), quando corretamente formulados, são
proposições autoevidentes que indicam se alguma coisa é
intrinsicamente boa, se certa ação é o que deveríamos fazer ou
então se determinado traço de caráter tem dignidade moral. Por
isso, o construtivismo dirá que a nossa concepção da justiça,
dados os critérios que podemos pensar em aplicar, é no momento
atual a mais razoável para nós. Chegamos à ideia de que a
objetividade não é dada “pelo ponto de vista do universo”, para
usar a expressão de Sidgwick. Objetividade deve ser entendida com
referência a um ponto de vista corretamente construído, do qual o
contexto fornecido pelo procedimento da posição
original é
um exemplo.
Karine
Rossi Pereira (UFSM) - A DICOTOMIA ENTRE PENSAMENTO TIPOLOGICO E
PENSAMENTO POPULACIONAL NA BIOLOGIA
Resumo:
Ernest Mayr, em “Typological versus population thinking” procurou
expor a dicotomia entre o pensamento tipológico (essencialismo),
anterior à Darwin e o pensamento populacional, posterior à Darwin.
Segundo Mayr, o pensamento tipológico, tinha suas raízes no
essencialismo platônico; Platão defendeu que dentre as variedades
de formas existentes no mundo, existiam formas que eram estáveis e
imutáveis, e essas últimas, isto é, as formas estáveis e
imutáveis, eram reais, enquanto as
variedades
das formas eram ilusões. Sendo assim, os tipologistas acreditavam
que dentre a
diversidade
de seres vivos, uma espécie era formada a partir de um grupo de
indivíduos que
possuíssem
uma ou mais características básicas, ou seja, características que
seriam iguais em todos
nesse
grupo de indivíduos, essas características foram chamadas de
“tipos”, “formas” e “essências”.
Tais
características seriam estáveis e imutáveis, pois não há
gradação entre os tipos, e sendo assim,
esses
não evoluiriam. Para os tipologistas, segundo Mayr, a variedade
entre os indivíduos seria uma
ilusão,
pois essa não existiria, enquanto os tipos seriam entidades que
representariam a natureza no
mundo,
sendo assim reais.
O
pensamento populacional, conforme aponta Mayr, foi introduzido na
biologia a partir da
publicação
de A origem das espécies, a qual mudou a forma de ver a
origem e a evolução das
espécies.
Essa forma de pensar, se opõe ao pensamento tipológico, pois
defende que há uma
variedade
entre todos os indivíduos na natureza, isto é, cada indivíduo
seria diferente de outro, e as
espécies
seriam formadas a partir de médias aritméticas das semelhanças
desses indivíduos, não
havendo,
dessa forma, um “tipo”. Para os populacionistas, as
características de um indivíduo não
são
estáveis, nem imutáveis, havendo gradação e evolução das
espécies dessa maneira. Segundo
Mayr,
o pensamento populacional se mostra uma forma mais correta de
representar a diversidade na
natureza,
em detrimento do pensamento tipológico, pois considera o indivíduo
como algo singular,
ou
seja, defende que nenhum indivíduo é igual ao outro, e procura
explicar a variação e suas
frequências
de ocorrência em uma população, diferentemente do pensamento
tipológico que
considerava,
e dessa forma, após a publicação de Darwin, o pensamento
tipológico foi rejeitado.
Dada
essa dicotomia, Maximiliano Martinez Bohórquez e Eugênio Andrade ao
publicarem
“A
contingência dos padrões de organização biológica: superando a
dicotomia entre pensamento
tipológico
e populacional”, defendem uma alternativa que uniria os dois tipos
de pensamentos, a
partir,
segundo eles, de uma releitura de “A origem das espécies”. Nessa
releitura, Martinez e
Andrade,
procuram mostrar que Darwin, ao inserir o pensamento populacional na
biologia, não
rejeitou
o pensamento tipológico, mas uniu os dois em uma perspectiva
histórica.
Luana
Pagno - UMA ANÁLISE DO
PAPEL DAS INSTITUIÇÕES E DO SEGUNDO PRINCÍPIO NA TEORIA DA JUSTIÇA
DE RAWLS.
Resumo:
O
trabalho irá apresentar um breve resumo acerca da teoria da justiça
do Rawls, principalmente nas partes que abrangem a questão da
economia, apresentando o papel da justiça perante uma sociedade bem
ordenada, o papel da justiça enquanto virtude das instituições e
demonstrando a ideia de como é possível chegar a essa sociedade bem
ordenada através da posição original. Para então, finalmente,
demonstrar o papel que as instituições sociais assumem na garantia
da justiça como equidade, e como isso é possível, apresentando
também os problemas encontrados no segundo princípio, que
enfraquecem a tese do filósofo. Assim sendo, o trabalho é uma
análise dos caminhos que Rawls utiliza para chegar na sociedade que
designa bem ordenada, e por que, as instituições e os outros
mecanismos sociais não dão conta de garantia da justiça como sendo
equidade.
Palavras
chaves: Justiça.
Sociedade. Princípios. Instituições.
Julio
Tomé (UFSC) Hobbes e o
Positivismo Jurídico no Leviatã
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo trazer uma leitura da obra Leviatã,
do filósofo inglês Thomas Hobbes, por meio do Positivismo Jurídico.
Sendo o Positivismo Jurídico uma corrente da Filosofia do Direito em
contraposição ao Direito Natural (Jusnaturalismo), analisa-se neste
trabalho trechos que poderiam evidenciar uma leitura Juspositivista
na obra de Thomas Hobbes. Para tanto, inicialmente será apresentada
a concepção de Estado Natural e Civil que Hobbes descreve no
Leviatã, além dos principais conceitos de sua obra. Posteriormente
serão explicados trechos que poderiam caracterizar Hobbes como um
Positivista Jurídico (ou ao menos que o Leviatã possa ser lido como
uma obra deste caráter). Palavras-chave:
Positivismo Jurídico. Filosofia do Direito. Leviatã.
Tiago
Fernando Soares de Oliveira (UFFS) - ARISTÓTELES E O SUJEITO DA
FILOSOFIA PRIMEIRA
ESUMO:
A
comunicação visa a identificar o sujeito da ciência fundamentada
por Aristóteles na obra Metafísica.
Ademais, pretende demonstrar que tal ciência é uma ousiologia, não
uma ontologia. Para tanto, estruturou-se o texto a partir de três
momentos distintos. Inicialmente, por meio da referência à obra
Analíticos
Posteriores,
buscou-se evidenciar os dois traços fundamentais da ciência, isto
é, a causalidade e a necessidade. Destes dois, enfatizou-se a
natureza da necessidade, característica que deve ser inerente ao
sujeito da ciência. Num segundo momento, mostrou-se que a substância
deve ser o sujeito da metafísica, pois, a despeito do ente enquanto
ente, guarda a propriedade lógica da univocidade. Por fim,
demonstrou-se que, em última instância, a metafísica possui como
sujeito a substância simples, uma vez que esta não possui matéria
e, portanto, é efetivamente necessária e omnitemporal.
PALAVRAS-CHAVE:
Metafísica.
Substância. Ente. Necessidade. Ciência.
Felipe
Bragagnolo – UFSM Atitude fenomenológica:
mudança do olhar do fato para a essência.
Resumo:
Um dos conceitos chaves da fenomenologia husserliana é denominado de
intuição. Esse
conceito
torna-se ainda mais central em nosso artigo em função do nosso
objetivo consistir em demostrar como nosso olhar que está imerso
inicialmente na atitude natural, considerada por Husserl, em certa
medida irrefletida, por seu caráter de crença no mundo e nas
coisas, pode vir a mudar para um olhar fenomenológica, ou seja, de
suspensão, de neutralização dos juízos imediatos. Sendo assim, o
conceito de intuição nesse trabalho será utilizado como fio
condutor de nossa investigação, pois o mesmo pode ser compreendido
como afinidade radical entre o ver de fato o de essência. As obras
base de Husserl para a realização desse trabalho foram: Ideias
para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica
(1913), primeira secção; e, Meditações Cartesianas (1950),
fragmentos escolhidos conforme a temática aqui abordada.
Palavras-chaves:
Intuição; Fenomenologia; Husserl; Atitude fenomenológica.
Bruna
Almeida Brambatti (UFSM) – “O problema da virtude no livro IV da
República de Platão”.
A
tese da unidade das virtudes é frequentemente tratada com se
estivesse
presente
apenas nos diálogos da juventude de Platão, os chamados “diálogos
socráticos”.
O intuito do deste trabalho é mostrar uma maneira de ler, sobretudo,
o livro IV da República, como um argumento a favor da tese da
unidade e identidade das virtudes. Embora seja comum defender a tese
da unidade das virtudes cardeais platônicas a partir da defesa da
inseparabilidade das mesmas, sustentamos que, partindo de uma das
máximas socráticas: que pessoa alguma erra voluntariamente, a
sabedoria pode vir a ser o lugar comum das virtudes, assim como sua
essência (ousía), já que só se age erroneamente por ignorância.
Dessa forma, a unidade das virtudes, enquanto idênticas, pode ser
realizada por meio de sua essência comum, a saber, um tipo de
conhecimento (epistēmē) que se faz necessário a cada uma das
virtudes, mas que convergem em unidade a partir da afirmação que
conhecimento é igual à sabedoria (sophia). Assim, baseado em uma
análise dos diálogos socráticos, em que já são apontados
elementos para a defesa da tese da unidade, buscamos destacar as
convergências entre os escritos da juventude e a República a
respeito da questão da identidade das virtudes.
Palavras
chave: Unidade de leitura; Tese de Identidade; Tese de
Inseparabilidade.
Nesta
comunicação, buscaremos desenvolver por um lado a noção de
possibilidade existencial presente na obra de Martin Heidegger e por
outro, a relação entre antropologia e fenomenologia hermenêutica.
Nesse sentido, o presente trabalho busca o desenvolvimento de alguns
aspectos da noção de possibilidade existencial presente em Ser e
Tempo como um traço decisivo daquilo que confere ao ente humano sua
identidade pessoal. Um outro modo de inserir o tema seria dizer que o
que buscamos reconstruir aqui é uma resposta à pergunta “o que é
ser uma pessoa?” No sentido de encontrarmos uma resposta, será
apresentada a via interpretativa de Charles Guignon, em que a noção
de pessoa é buscada com base na análise do conceito de
“autenticidade”, como condição para delimitar e responder a
questão acima. Outros termos, um tanto heterodoxos com relação ao
vocabulário heideggeriano como a noção de “agência” serão
também utilizados na caracterização do ente humano. Fica já
antevisto, de certa forma, que o horizonte em que move-se a
interpretação de Guignon será delimitado em termos existenciais,
não podendo a noção de pessoa ser compreendida aqui como uma coisa
ou objeto, a partir do modo de ser da subsistência. Tentaremos
justificar durante a exposição a diferenciação assumida entre o
modo de ser da existência com relação aos outros modos de ser.
Em
Ser e Tempo, obra fundamental de Martin Heidegger, a noção de
existência designa uma determinação fundamental do modo de ser que
é característico dos entes humanos. Contrapondo-se à tradição
filosófica ocidental, que segundo a interpretação de Heidegger,
concebeu o ente humano a partir de categorias de subsistência,
afirma-se que os entes que são Dasein não podem ser determinados
como possuidores de propriedades, mas antes, apenas como modos de
ser. Dasein, diz respeito ao modo de ser fundamental daquele ente que
somos nós mesmos e que não pode ser entendido nas tradicionais
categorias de subsistência, como um mero portador de atributos. Que
o Dasein existe, significa que ele projeta-se em possibilidades
existenciais, entendidas como maneiras de ser, que por sua vez, estão
previamente determinados pelo contexto de possibilidades em que o
Dasein já sempre se encontra. De posse dessas considerações
gerais, buscaremos, a partir da análise de alguns textos de Charles
Guignon, elucidar a agência humana e seu desdobramento relacionado
com o conceito de autenticidade. Somente a partir dessas
considerações será possível a delimitação do conceito de
pessoa, dentro de uma abordagem fenomenológico hermenêutica, isto
é, não naturalista e objetificante do ente humano.
Palavras-chave: Pessoa;
Agência; Autenticidade; Heidegger.
Diego
Luiz Warmling - "Don Juan em sua realidade própria: A sedução
mascarada da Gestalt difundida ao corpo lascivo em Maurice
Merleau-ponty".
De
Molière à Saramago, a lenda de Don Juan se esgueirou por varias
gerações sem ser apreendida como um todo. Compreendido como um
gênio erótico, crava sua genialidade em nosso intimo e
firma-se como a figura da vibração incessante que não deixa
intacto nada do que toca. É a encarnação própria da
sexualidade pela qual as mulheres são esfinges sem segredos. Junto
ao objetivo de relacionar a sensualidade vulcânica de Don Juan com
todo o arrebatamento de uma vida ativa e sexual, numa espécie
de discernimento entre o que é figura (Eu) e o que é
fundo (Outro), quando pensamos que a consciência humana está
voltada para toda uma vivência significativa e aprendemos que a
mesma é construída a partir de uma complexidade de relações
sociais, percebemos que esta consciência vincula-se estreitamente ao
ser onde a existência e a sexualidade se difundem no plano
existencial de cada pessoa. Segundo Merleau-Ponty: “o
sexual não é o genital, a vida sexual não é um simples efeito dos
processos aos quais os órgão genitais são o lugar, a libido
não é um instinto, que dizer, uma afetividade naturalmente
orientada a
fins
determinados, ela é o poder geral que o sujeito psicofísico tem de
aderir a diferentes ambientes, de fixar-se por diferentes
experiências, de adquirir estruturas de conduta. É a sexualidade
que faz com que o homem tenha uma historia.”Neste sentido, se a
sexualidade se difunde na existência do ser humano, e se a
própria existência se difunde no horizonte da sexualidade, no
caso de Don Juan (indicando, assim, uma independência em
relação aos fatores puramente fisiológicos) esta não seria
somente uma decisão racionalizada, mas antes um gesto repleto
de significação existencial onde, na direção de um outro corpo,
o modo de ser no mundo se revela para sua própria existência.
Não
sabendo mais o rumo que tomar senão o da nossa própria ilusão, não
conseguimos mais discernir entre o real e o fictício; em Don
Juan o romantismo é sua própria realidade. Por isto, através
da sexualidade, é na fusão entre o “todo indefinido”
representado pela Gestalt Theory com a teoria do “corpo como
ser sexuado” presente na Phénoménologie de la Perception de
Maurice Merleau-Ponty, que, neste ensaio, numa especie de gozo
pela satisfação dos próprios desejos, Don Juan vem nos
mostrar como seria viver, intensa e verdadeiramente, os prazeres,
desejos e devaneios do amor em seu aspecto mais irresistível.
Everton
Andrei Pereira (UFSC)- "Modelos como réplicas abstratas"
No
oitavo capítulo do livro do orientador intitulado Pragmática de
modelos (Cap. 8 – Entidades Abstratas) é defendido e
explicado que modelos científicos são entidades abstratas, isto é,
que eles podem ser comparados com outras entidades abstratas,
assim como figuras geométricas e até mesmo instituições (a UFSC,
por exemplo, enquanto uma instituição universitária), o que
nos leva à definição de instituições e o porquê de usá-las. O
fato é que ninguém negaria a existência de instituições,
mesmo não sabendo corretamente como designá-las. Observamos
comparativamente que, assim como os enunciados nomológicos, as
pessoas que fazem a instituição, as fazem ou criam por seguir
determinadas formas de comportamentos e certos conjuntos de
regras, que, no caso dos enunciados nomológicos, são vistos
como descrições desse sistema. Uma vez apresentado o sistema,
podemos dizer que, de fato, as instituições são como os modelos
científicos, entidades abstratas, o que justifica então a pesquisa
mais voltada para as ciências humanas do que para as ciências
naturais, aplicando a noção de modelo-réplica. Por outro lado
Dennett nos apresenta o que ele chama de “a torre de gerar e
testar” que representa os tipos ou modelos de mentes existentes,
separando-as em quatro andares, das menos complexas as mais
complexas, terminando no que ele denomina mente Gregoriana que é
onde encontramos ligação com as entidades abstratas
apresentadas a cima, com vários pontos de ligação entre uma teoria
e outra, analisamos e comparamos suas principais
características.
As
criaturas gregorianas, além de ter cérebros que possuem potência
para serem mais bem dotados, em meios internos, de capacidade
pré-seletiva, têm algo a mais: uma espécie de ferramenta para a
criação de projetos abstratos. Estas ferramentas seriam, por
exemplo, as palavras e outras ferramentas abstratas (para Dennett,
internas), que conferem a uma criatura Gregoriana um meio
interno que lhe permite construir geradores e testadores de movimento
cada vez mais sutis.
Andrei
Pedro Vanin (UFFS) - “O conceito de “ente” e o “segundo
começo da metafísica” em Duns Scotus”.
A
comunicação objetiva analisar o modo pelo qual João Duns Scotus
define o sujeito da ciência metafísica, a saber: o conceito “ente”
(ens). “Ente” para Scotus é um termo unívoco, caso negado por
Aristóteles. Deste modo, num primeiro momento, aponta-se o porquê
de “ente” ser considerado por Duns Scotus o sujeito da ciência
metafísica, bem como o motivo pelo qual “ente” é dito um
transcendente. Já no segundo momento, reconstrói-se o caminho
argumentativo de Scotus para provar a univocidade do conceito “ente”
(ratio entis). Para isso, se faz necessário analisar as quatro
classes das noções transcendentes, a saber: o ente, os atributos
conversíveis, os atributos disjuntos e as perfeições puras. Feita
tal análise, mostra-se, então, o motivo pelo qual João Duns Scotus
realizou um “segundo começo da metafísica”.
Palavras-chave:
Ente. Duns Scotus. Univocidade. Metafísica. Ontologia.
Janessa
Pagnussat (UFFS) – “O existencialismo na obra O Estrangeiro de
Albert Camus”.
O
trabalho a ser apresentado tem como objetivo descrever o
existencialismo presente na obra O estrangeiro de Albert Camus.
Abordar o homem pela falta de justificação e de sentido para o
mundo, levando-o a uma sensação de desorientação e confusão que
se reduz ao absurdo. O existencialismo remonta ao niilismo e a certa
despreocupação com a vida, onde há a necessidade da escolha, e o
homem se torna o único responsável em dar significado à sua vida e
em vivê-la de maneira sincera. Na obra de Camus, o existencialismo
reafirma a importância da liberdade e individualidade humana após a
Segunda Guerra Mundial, representada por Merseault, um homem irônico,
que age friamente em suas próprias ações e sentimentos. Camus ao
afirmar que a vida individual não tem sentido, relaciona-se ao fato
de que a vida não possui nenhuma finalidade pré-estabelecida. Cada
um de nós é livre para outorgar o sentido que quiser à vida, não
se preocupando com as consequências que são de vir. Nota-se ao
longo da obra a indignação do personagem principal pela imposição
de verdades religiosas. Comumente no período contemporâneo o homem
viu que certeza que duraram séculos foram derrubadas, o que
acarretava simplesmente em uma atitude cética perante a realidade e
a imposição ideológica. A morte de Meursault é caracterizada por
um único desejo: que seu enterro possua uma grande quantidade de
gente que o odeie por ele ter sido indiferente e ter uma outra
perspectiva da realidade. Esta grande obra mostra uma visão de mundo
caracterizada simplesmente pela indiferença de viver, ou seja, pelo
absurdo que é existir. Meursault demonstra a descrença nos valores
de vida e da sociedade, é um niilista passivo. Esse é um dos
motivos que fez com que O Estrangeiro se tornasse um clássico, já
que reflete uma sociedade que começa a ver o mundo de uma forma
diferente do que até então era vista.
Palavras-chave:
Existencialismo. Camus. Liberdade. Niilismo. Indiferença.
Fernando
M. Falkoski (UFFS) - "A questão do sentido do ser na
fundamentação ontológico-hermenêutica em Heidegger".
A
presente comunicação pretende discutir os conceitos de “ser” e
de “verdade” a partir de uma análise da fenomenologia
hermenêutica heideggeriana acerca da questão do sentido do ser.
Nesse viés, almeja-se explicitar o conceito de “hermenêutica”
em Heidegger, que caracteriza a mudança no pensamento filosófico
sobre as interpretações do que ascende o verdadeiro conhecimento, o
desocultamento, em relação ao ser-no-mundo, Dasein. Desse modo,
deve-se verificar como a interpretação (hermenêutica) do enunciado
permite a compreensão da abertura do Dasein. Contudo, buscar-se-á
descrever que 1) a questão acerca do sentido do ser é o estudo
próprio da fenomenologia que busca fundar a ontologia fundamental;
e, por fim, 2) o Dasein é o ente, e a via de acesso de como a coisa
em si mesma se mostra e deixa mostrar-se [por si mesma] como a coisa
é. Indubitavelmente, as tarefas pertinentes à investigação da
ontologia-hermenêutica tonam-se cruciais para o estudo da
fenomenologia, na medida em que Heidegger descreve o conceito de
verdade segundo o modo de ser do ente, que eu mesmo sou, o Dasein e
sua transcendência.
Palavras-chave:
Verdade; Hermenêutica; Ser; Transcendência; Dasein.
Samanta
Krignl Pereira (UFFS) - “O princípio supremo da moralidade e os
conceitos de dever e boa vontade”.
A
presente comunicação tem como objetivo descrever o conceito de
dever e sua relação com o conceito de boa vontade na obra
Fundamentação da Metafísica dos
Costumes
de Kant. Nessa obra, Kant objetiva expor sistematicamente os
elementos
fundamentais
que estruturam sua teoria moral, buscando a fixação do princípio
supremo
da moralidade que fundamente os costumes e o agir moral. A
fundamentação da Metafísica dos Costumes é composta de três
seções. Nas duas
primeiras,
pelo uso do método analítico, Kant descobre o princípio supremo da
moralidade
visando estabelecer, aqui, a partir do conhecimento moral do comum
senso
humano, o único princípio prático que possa justificar a
moralidade. Na última,
pelo
método sintético, pretende verificar como tal princípio é
possível. Para um melhor entendimento, serão apresentadas,
brevemente, as três seções, porém com ênfase na primeira e
segunda, que relatam sobre a boa vontade e o dever.
Palavras-chave:
Kant. Moral. Fundamentação da moral. Boa vontade. Dever.
Odair
Camati (Mestrando UNISINOS) - “O reconhecimento como elemento
básico para a formação da identidade individual e grupal. Uma
análise do pensamento de Charles Taylor.”
O
reconhecimento é um dos temas mais debatidos na contemporaneidade,
seja em nível político, seja em nível filosófico. Isso se deve,
no entendimento de Taylor, à estreita relação existente entre
reconhecimento e identidade. Como a identidade é formada no diálogo
com os outros o devido reconhecimento se torna fundamental no intuito
de evitar distorções que poderiam ser fatais na formação da
identidade, tanto na esfera privada, quanto na esfera pública. Para
ilustrar esse quadro podemos nos recordar do caso das mulheres e dos
negros que durante séculos foram identificados como inferiores e
como que introjetaram essa visão redutora de si mesmos. Suas
identidades estavam presas a esse não-reconhecimento de tal modo que
tiveram e ainda têm dificuldades de se libertarem dessa
inferiorização. Nessa perspectiva, a autodepreciação é um
poderoso instrumento de opressão, pois faz o oprimido enxergar-se
como inferior, deixando-o sem forças para se rebelar contra o
opressor. O não-reconhecimento pode marcar suas vítimas,
colocando-as sob o jugo externo, mas também sob o jugo de si
próprias, pois ele cria um sentimento de ódio que as impede de
lutarem pelo seu verdadeiro lugar. O reconhecimento ganhou maior
importância com a nova compreensão moderna de identidade
individual. Identidade que o próprio indivíduo descobre e expressa
através de uma maneira original de ser. Essa ideia é fruto da noção
de autenticidade surgida com o romantismo. Portanto, nossa identidade
é formada pelo reconhecimento ou pelo não-reconhecimento. O
reconhecimento acontece em duas dimensões, uma privada e outra
pública. Para sermos pessoas precisamos do reconhecimento de nossos
pares. Do mesmo modo um grupo de pessoas ou uma sociedade precisa do
reconhecimento de seus pares. Tendo em vista que vivemos em uma
sociedade multicultural que possui dificuldades em aceitar o outro,
nos deteremos mais no debate acerca da segunda forma que assume o
reconhecimento, a saber, a dimensão pública.
Junior
Vitorio Romanzini (UFFS) - “A procura da
existência e subjetividade: pressupostos do livro 'A Náusea' de
Jean Paul Sartre”
Evidentemente
a leitura do livro A Náusea de Jean Paul Sartre é uma leitura
prodigiosa. O livro contém a essência de um diário e a conturbação
da mente em relação a realidade possíveis de serem descritas em
papel. Imergir na leitura da obra de Sartre permite visualizar a luta
interior pela essência de nossa existência e os processos
subjetivos. Meramente ler A Náusea não significa conhecer Sartre,
mas adentrar na visão das relações de estranheza que possa existir
na captura do tempo por nossa mente. Inicialmente, nascemos no mundo
para depois sermos definidos nele, no entanto, Sartre provoca nossa
compreensão sobre a essência capturada neste processo. Para a
Filosofia, integralmente discutir a constituição da subjetividade é
uma necessidade para a problematização da razão e do processo
filosófico. Assim, ler está obra permite entender a essência do
comportamento subjetivo, remorando os meandros morais e éticos que
forjam nossas relações sociais. O texto que se segue, estrutura-se
em três momentos: o primeiro resumo as ideias centrais de Sartre em
sua obra caracterizando como objeto o nascimento da autoconsciência,
a descoberta da convivência e do medo. No segundo momento reflexão
sobre a náusea e sua relação com a realidade subjetiva,
comparando-a as teorias da subjetividade pela psicologia social e, no
terceiro momento reflexão sobre as raízes do pensamento vivido e
idealizado com ênfase na liberdade e o reconhecimento do existir.
Palavras-chave:
Existência, Náusea, Subjetividade.
Luana Pagno
(UFFS) - "Uma análise do papel das instituições e do segundo
princípio da Teoria da Justiça de Rawls."
Resumo: O trabalho
irá apresentar um breve resumo acerca da teoria da justiça do
Rawls, principalmente nas partes que abrangem a questão da
economia, apresentando o papel da justiça perante uma sociedade
bem ordenada, o papel da justiça enquanto virtude das instituições
e demonstrando a ideia de como é possível chegar a essa sociedade
bem ordenada através da posição original. Para então,
finalmente, demonstrar o papel que as instituições sociais
assumem na garantia da justiça como equidade, e como isso é
possível, apresentando também os problemas encontrados no
segundo princípio, que enfraquecem a tese do filósofo. Assim
sendo, o trabalho é uma análise dos caminhos que Rawls utiliza para
chegar na sociedade que designa bem ordenada, e por que, as
instituições e os outros mecanismos sociais não dão conta de
garantia da justiça como sendo equidade.
Palavras chaves:
Justiça. Sociedade. Princípios. Instituições.
Anderson Kaue
Plebani (UFSC) - "Heidegger e a tragédia grega: uma
percepção aporética da essência do homem."
Resumo: A tragédia
de Sófocles aparece em Introdução à Metafísica, cursos de
Martin Heidegger, com o único intuito de servir-lhe como
auxílio em sua exposição acerca da essência do homem (uma
investigação em estreita conexão com a investigação fundamental
da filosofia, a saber, a investigação do Ser). Nesta exposição,
Heidegger indicará que as tragédias gregas foram a expressão
máxima do espírito grego no tocante ao contato que estes
tiveram com o Ser, ou physis.
“(...)
investigaremos agora um poetar pensante dos gregos, e precisamente
aquele, em que se
instaura propriamente o ser e a existência (correspondente)
dos gregos: a
tragédia.” (HEIDEGGER, p. 168)
Heidegger identifica
neste verso um duplo sentido de “estranho” (Das Unheimlich).
Primeiro, o homem é tão estranho quanto qualquer outra coisa,
pois muitas são as coisas estranhas. Deste primeiro sentido de
estranheza, todas as coisas participam. Depois, o homem é
novamente estranho por ser o mais estranho entre todas as
coisas. Este segundo sentido de estranho se efetiva na medida em que
o homem se
instaura entremeio
às coisas estranhas e se percebe alheio, tanto às coisas quanto à
sua própria instauração. Esta é a percepção aporética do
homem e esta percepção, segundo Heidegger, não perdeu de
vista o posicionamento que o homem assume entremeio ao Ser. É
por manter esta intimidade com o Ser que a tragédia é eleita como
expressão do espírito grego. E vale inversamente: é por
manter esta intimidade com o Ser que o espírito grego é
localizado na tragédia, e não nas epopéias ou nas comédias. Assim
sendo, a presente proposta de comunicação tomará como órbita a
leitura heideggeriana do posicionamento aporético do homem na
percepção grega do Ser.
Tiago
Fernando Soares de Oliveira (UFFS) - "Aristóteles e o sujeito
da Filosofia Primeira."
Resumo:
A comunicação visa a identificar o sujeito da ciência fundamentada
por Aristóteles na obra Metafísica. Ademais, pretende demonstrar
que tal ciência é uma ousiologia, não uma ontologia. Para tanto,
estruturou-se o texto a partir de três momentos distintos.
Inicialmente, por meio da referência à obra Analíticos
Posteriores, buscou-se evidenciar os dois traços fundamentais da
ciência, isto é, a causalidade e a necessidade. Destes dois,
enfatizou-se a natureza da necessidade, característica que deve ser
inerente ao sujeito da ciência. Num segundo momento, mostrou-se que
a substância deve ser o sujeito da metafísica, pois, a despeito do
ente enquanto ente, guarda a propriedade lógica da univocidade. Por
fim, demonstrou-se que, em última instância, a metafísica possui
como sujeito a substância simples, uma vez que esta não possui
matéria e, portanto, é efetivamente necessária e omnitemporal.
PALAVRAS-CHAVE:
Metafísica. Substância. Ente. Necessidade. Ciência.
Karine
Rossi Pereira (UFSM) - A dicotomia entre pensamento tipológico e
pensamento populacional".
Resumo:
Ernest Mayr, em “Typological versus population thinking” procurou
expor a dicotomia entre o pensamento tipológico (essencialismo),
anterior à Darwin e o pensamento populacional, posterior à Darwin.
Segundo Mayr, o pensamento tipológico, tinha suas raízes no
essencialismo platônico; Platão defendeu que dentre as variedades
de formas existentes no mundo, existiam formas que eram estáveis e
imutáveis, e essas últimas, isto é, as formas estáveis e
imutáveis, eram reais, enquanto as variedades das formas eram
ilusões. Sendo assim, os tipologistas acreditavam que dentre a
diversidade de seres vivos, uma espécie era formada a partir de um
grupo de indivíduos que possuíssem uma ou mais características
básicas, ou seja, características que seriam iguais em todos nesse
grupo de indivíduos, essas características foram chamadas de
“tipos”, “formas” e “essências”. Tais características
seriam estáveis e imutáveis, pois não há gradação entre os
tipos, e sendo assim, esses não evoluiriam. Para os tipologistas,
segundo Mayr, a variedade entre os indivíduos seria uma ilusão,
pois essa não existiria, enquanto os tipos seriam entidades que
representariam a natureza no mundo, sendo assim reais.
O
pensamento populacional, conforme aponta Mayr, foi introduzido na
biologia a partir da publicação de A origem das espécies, a qual
mudou a forma de ver a origem e a evolução das espécies. Essa
forma de pensar, se opõe ao pensamento tipológico, pois defende que
há uma variedade entre todos os indivíduos na natureza, isto é,
cada indivíduo seria diferente de outro, e as espécies seriam
formadas a partir de médias aritméticas das semelhanças desses
indivíduos, não havendo, dessa forma, um “tipo”. Para os
populacionistas, as características de um indivíduo não são
estáveis, nem imutáveis, havendo gradação e evolução das
espécies dessa maneira. Segundo Mayr, o pensamento populacional se
mostra uma forma mais correta de representar a diversidade na
natureza, em detrimento do pensamento tipológico, pois considera o
indivíduo como algo singular, ou seja, defende que nenhum indivíduo
é igual ao outro, e procura explicar a variação e suas frequências
de ocorrência em uma população, diferentemente do pensamento
tipológico que considerava, e dessa forma, após a publicação de
Darwin, o pensamento tipológico foi rejeitado.
Dada
essa dicotomia, Maximiliano Martinez Bohórquez e Eugênio Andrade ao
publicarem
“A
contingência dos padrões de organização biológica: superando a
dicotomia entre pensamento tipológico e populacional”, defendem
uma alternativa que uniria os dois tipos de pensamentos, a partir,
segundo eles, de uma releitura de “A origem das espécies”. Nessa
releitura, Martinez e Andrade, procuram mostrar que Darwin, ao
inserir o pensamento populacional na biologia, não rejeitou o
pensamento tipológico, mas uniu os dois em uma perspectiva
histórica.
Palavras-chaves:
Pensamento tipológico, pensamento populacional, Ernest Mayr, Darwin,
A origem das espécies.
Mirtes
Ingred Tavares Marinho (UESB) - "Locke e o argumento do espectro
invertido."
Estar
subjetivamente submetido a uma experiência é uma característica
fenomênica. Concentrar sua atenção nessa característica de sua
experiência te conscientizará de certas qualidades que por sua vez
são denominados qualia. Frequentemente os filósofos da mente usam o
termo “qualia” para se referir a características fenomenológicas
de estados mentais, e essa questão encontra-se no centro do problema
mente-corpo. Segundo John Heil, a experiência de cada sujeito é
privada e o nosso mundo mental compreende experiências conscientes
como os sabores que sentimos e os sons que ouvimos, de modo que, de
um ponto de vista objetivo, não podemos observar nenhuma qualidade
da experiência consciente de um sujeito. O presente trabalho tem
como objetivo pensar na inversão dos qualia como um experimento de
pensamento a partir da proposta de Locke no seu célebre argumento do
Espectro Invertido. Para John Locke está além de nossa compreensão
saber, por exemplo, se o conceito ou ideia produzida na mente de um
homem quando ele enxerga determinada cor é o mesmo conceito ou ideia
produzida na mente de outro homem quando ele enxerga esta mesma cor,
pois os órgãos sensoriais de uma pessoa poderiam diferir de outra
pessoa e o vocabulário das cores de ambas as pessoas também poderia
ser inverso. O homem é dependente das ideias de sua mente às quais
pode nomear da maneira que achar mais adequada. Locke analisa as
ideias como sendo percepções de nossa mente e que podem em si ser
verdadeiras ou falsas, sendo assim, não podemos conhecer a mente de
terceiros, não se pode entender as imagens produzidas na mente de
outra pessoa.
Palavras-chave:
Qualia; Estados Mentais; Espectro Invertido.
Edegar
Fronza Junior (UFSC) – “Arendt e Kant: Banalidade do mal e mal
radical”.
Resumo:
A presente pesquisa tem por objetivo investigar o problema do mal em
Arendt e Kant. O primeiro filósofo a pensar o mal sem o contributo
da teodicéia foi Kant. Ao tratar de tal temática desvincula a ideia
de redenção trazida por Leibniz, Hegel e Marx. O filósofo de
Könisberg lança mão do aparato divino trazendo o problema do mal a
partir da finitude humana e enfatizando que este habita o lado
noumenal do ser humano, ou seja, sua liberdade prática. Para Kant o
mal humano não é natural, mas uma disposição à escolha de
máximas egoístas. Em Origens
do Totalitarismo Arendt
emprega o termo mal radical, entendido como mal absoluto,
referendo-se a catástrofe dos campos de extermínio. Em Eichmann
em Jerusalém utiliza
a expressão banalidade do mal para se referir à conduta de
indivíduos como Adolf K. Eichmann, que em sua superficialidade
teriam testemunhado um descompasso inédito entre a estatura do
malfeitor e das transgressões cometidas. Hanna Arendt ao tratar do
problema do mal o faz a partir de Kant e ao mesmo tempo alarga a
compreensão do conceito entendendo-o para além do egoísmo (amor de
si). A filósofa tratará o mal como banalidade. O tema do mal, para
Arendt não terá como pano de fundo a malignidade, a perversão ou o
pecado humano. A novidade da sua reflexão reside justamente em
evidenciar que os seres humanos podem realizar ações inimagináveis,
do ponto de vista da destruição e da morte, sem qualquer motivação
maligna. O pano de fundo do exame da questão, é o processo de
naturalização da sociedade e de artificialização da natureza
ocorrido com a massificação, a industrialização e a tecnificação
das decisões e das organizações humanas na contemporaneidade. O
mal é abordado, desse modo, na perspectiva ético-política e não
na visão moral ou religiosa.
Lucas
Mateus Dalsotto (UFSM) - “O construtivismo na Filosofia Moral
Rawlsiana.”
Resumo:
Rawls concebe a teoria da justiça como equidade, do ponto de vista
da epistemologia moral, como uma forma de construtivismo. No artigo
Kantian Constructivism in Moral Theory, ele afirma que a ideia
fundamental consiste em estabelecer uma relação apropriada entre
uma concepção particular de pessoa e os princípios primeiros de
justiça contrafactualmente acordados por meio de um procedimento de
construção. Isso significa que o que justifica a adoção de
determinada concepção de justiça pelos cidadãos não é fato de
ela ser verdadeira em relação a uma ordem anterior a nós, mas que,
dadas a nossa história e a tradição que estão na base de nossa
cultura pública, ela é a concepção mais razoável para
normativamente organizar uma sociedade democrática. Nesse caso, a
objetividade moral para o construtivismo deve ser compreendida como
um ponto de vista corretamente construído e aceitável para todos,
diferentemente do que faz o realismo moral, onde, por meio de
“intuições racionais”, as verdades em relação à moral seriam
apreendidas. Na terceira seção texto acima citado, Rawls contrasta
a ideia de construtivismo com o que ele chama de intuicionismo
racional. Segundo o autor, essa doutrina (o intuicionismo) foi
formulada de diversas maneiras. Por isso, para efeito de elucidar o
que Rawls entende por intuicionismo, ele o resume em duas teses: (i)
os conceitos morais básicos (o bem, o justo e o dignidade moral das
pessoas) não podem ser analisados em termos de conceitos não morais
(ii) e os princípios da moral (existindo um ou vários), quando
corretamente formulados, são proposições autoevidentes que indicam
se alguma coisa é intrinsicamente boa, se certa ação é o que
deveríamos fazer ou então se determinado traço de caráter tem
dignidade moral. Por isso, o construtivismo dirá que a nossa
concepção da justiça, dados os critérios que podemos pensar em
aplicar, é no momento atual a mais razoável para nós. Chegamos à
ideia de que a objetividade não é dada “pelo ponto de vista do
universo”, para usar a expressão de Sidgwick. Objetividade deve
ser entendida com referência a um ponto de vista corretamente
construído, do qual o contexto fornecido pelo procedimento da
posição original é um exemplo.
Julio
Tomé (UFSM) - “Hobbes e o Positivismo Jurídico no Leviatã.”
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo trazer uma leitura da obra Leviatã,
do filósofo inglês Thomas Hobbes, por meio do Positivismo Jurídico.
Sendo o Positivismo Jurídico uma corrente da Filosofia do Direito em
contraposição ao Direito Natural (Jusnaturalismo), analisa-se neste
trabalho trechos que poderiam evidenciar uma leitura Juspositivista
na obra de Thomas Hobbes. Para tanto, inicialmente será apresentada
a concepção de Estado Natural e Civil que Hobbes descreve no
Leviatã, além dos principais conceitos de sua obra. Posteriormente
serão explicados trechos que poderiam caracterizar Hobbes como um
Positivista Jurídico (ou ao menos que o Leviatã possa ser lido como
uma obra deste caráter).
Palavras-chave:
Positivismo Jurídico. Filosofia do Direito. Leviatã.
Felipe
Bragagnolo (Mestrando UFSM) - “Atitude fenomenológica: mudança
do olhar do fato para a essência.”
Resumo:
Um dos conceitos chaves da fenomenologia husserliana é denominado de
intuição. Esse conceito torna-se ainda mais central em nosso artigo
em função do nosso objetivo consistir em demostrar como nosso olhar
que está imerso inicialmente na atitude natural, considerada por
Husserl, em certa medida irrefletida, por seu caráter de crença no
mundo e nas coisas, pode vir a mudar para um olhar fenomenológica,
ou seja, de suspensão, de neutralização dos juízos imediatos.
Sendo assim, o conceito de intuição nesse trabalho será utilizado
como fio condutor de nossa investigação, pois o mesmo pode ser
compreendido como afinidade radical entre o ver de fato o de
essência. As obras base de Husserl para a realização desse
trabalho foram: Ideias para uma fenomenologia pura e para uma
filosofia fenomenológica (1913), primeira secção; e,
Meditações Cartesianas (1950), fragmentos escolhidos
conforme a temática aqui abordada.
Palavras-chaves:
Intuição; Fenomenologia; Husserl; Atitude fenomenológica.
Melissa
Fernanda Copetti (UFSM) - “O problema da intolerância religiosa:
uma abordagem contemporânea.”
Resumo:
O respectivo trabalho tem como objetivo a análise do problema da
intolerância religiosa diante da questão do multiculturalismo,
observado em muitos países, dentre eles o Brasil, país com um
território de população composta por uma diversidade muito grande
de etnias. Exponho uma análise histórico-filosófica da questão da
diversidade religiosa, demonstrando o desenvolver do conceito de
tolerância religiosa e as medidas dos Estados de governo democrático
para uma relação harmônica entre os sujeitos praticantes de
diferentes tipos de culto, apresento também a questão da laicidade
e uma análise da situação diante da perspectiva do nosso país,
inclusive com a lei da liberdade religiosa, que se tornou necessária
apesar de já existir na constituição do país uma proteção do
Estado para os praticantes de diferentes crenças. Minha abordagem é
contemporânea, a fim manifestar o impacto da globalização e o
conseqüente aumento dos problemas relativos ao multiculturalismo.
Seria possível pensar em um diálogo entre todas as culturas
existentes atualmente? Seria uma perspectiva, nesse caso, para formar
uma espécie de democracia a nível mundial, de maneira que não
anulasse suas peculiaridades, e assim formasse os princípios de
justiça e solidariedade projetados pelas crenças a fim de
estabelecer um sistema político ideal? Essas são algumas questões
levantadas no debate entre o filósofo político Jürgen Habermas e o
então cardeal (e hoje papa emérito) Joseph Ratzinger sobre a
intolerância e o problema da multiculturalidade. Para Habermas a
secularização cultural e social obriga as tradições do iluminismo
e as doutrinas religiosas a refletirem sobre seus limites, desafio
imposto pelo multiculturalismo. Ratzinger defende que não é o
multiculturalismo que deve ser enfatizado, mas o interculturalismo,
pois dessa forma não estaríamos apenas ‘deixando em paz’ cada
cultura com suas peculiaridades, senão promovendo uma aproximação
entre elas. Assim, para um Estado democrático de direito manter a
liberdade dos cidadãos não deve excluir o fator divergente e
tampouco preservar a heterogeneidade cultural. A proposta seria
incluir, agregar costumes a partir das semelhanças. Porém Ratzinger
defende a religião como uma forma de racionalização para o
desenvolver dos princípios éticos nos Estados democráticos de
direito. Enquanto o multiculturalismo separa o interculturalismo
conecta. Então, ao vermos que não existem tantos tipos de crenças
no mundo (segundo uma abordagem de Lou Marinoff, seriam quatro
principais, mais as adjacentes e religiões tribais) vemos também
que a religião, não apenas hoje, mas também numa perspectiva
histórica, encontra-se em todas as culturas, e em todas, podemos
observar conflitos decorrentes da intolerância. Na perspectiva do
Brasil, país composto por etnias de todos os continentes, as
políticas para a tolerância religiosa, e a tão debatida laicidade,
ainda se defrontam com contradições, por um lado representantes
religiosos redigem leis e determinadas crenças são beneficiadas e
outras, reprimidas, embora, por outro lado, possamos encontrar, após
uma rápida análise da história recente do país, uma concordância
com a perspectiva habermasiana do modelo de Estado democrático que
‘pune’ os adeptos de crenças consideradas “inimigas do
Estado”. Isso mudou depois da constituição de 1988, mas hoje
ainda podemos observar resquícios de repressão às práticas
religiosas não cristãs.
Palavras-chave:
intolerância, religião, multiculturalismo.
Claudia
Ribeiro (UFFS) - “A compaixão pelos animais segundo Arthur
Schopenhauer.”
Resumo:
Os animais sempre fizeram parte da vida humana, prova disso são as
descobertas arqueológicas como os desenhos deixados em cavernas
demonstrando a nossa ligação com esses seres. Evidentemente, os
animais assumiram um papel importante na nossa vida no percurso da
história, tornando-se fundamentais para nossa sobrevivência, seja
para companhia, trabalho ou como fonte da nossa alimentação.
Diversas civilizações antigas dominaram os animais por diversos
motivos, alguns povos como no Egito antigo respeitavam e até os
veneravam, por acreditarem que estes eram sagrados e chegavam a
mumificar seus animais e enterrarem junto de seus donos. Porém, em
geral o ser humano sempre se colocou em posição superior à esses
seres da natureza, possuindo uma visão antropocêntrica sobre o
Universo. Na história do pensamento, a temática sobre a compaixão
pelos animais foi tratada de diversas perspectivas. Na Filosofia
contemporânea Arthur Schopenhauer fora um dos pensadores que se
preocupou com os animais e, mesmo não tendo produzido uma obra
destinada a tratar do assunto, o pensador incluiu os direitos dos
seres não-humanos em sua ética, que têm em sua base um sentimento:
a compaixão. A compaixão deve ser compreendida como daquela cuja
suas ações são suscitadas no intuito de promover o bem-estar de
outro indivíduo, sem que o agente não possa se beneficiar com tal
ação. E justamente por fundamentar sua ética no sentimento e não
na razão, Schopenhauer quis demonstrar que esse sentimento também
ocorre com relação aos animais. Mesmo que nenhuma lei nos obrigue a
respeitar os demais seres vivos, algo quase que intuitivamente, nos
faz querer proteger e preservar a vida destes seres. Sabemos que eles
sentem dor, fome, medo e sofrem assim como nós. Nesse caso, até
mesmo um ser humano egoísta pode manifestar tal sentimento pelos
animais, pois a compaixão faz-se valer em todas as relações e
mostra-se em todos os povos e tempos. Por isso é que se apela para
ela como sendo algo presente necessariamente em todo homem.
Palavras-chave: Animais. Compaixão. Schopenhauer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário